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União de freguesias

2012-11-28

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Não há muito, era galardão político e social com direito a nome de rua e sei lá que mais, o ser capaz de elevar um agregado populacional a freguesia, vila ou mesmo cidade.

largas centenas de anos andavam os lusitanos à cabeçada com a vizinhança das bandas de lá que queria chegar às águas oceânicas arrastando tudo pelo caminho. Foi necessário construir barreiras, erguer castelos, muralhas, fortalezas para se defenderem e conservarem o que de positivo foi sendo feito. Assim o território se foi organizando à custa de muito suor, trabalho, misturados com lágrimas e momentos de glória e se consolidaram limites, estabeleceram fronteiras e se ergueram povoados para todos os gostos e feitios.
O tempo que corre parece também agora querer levar-nos para uma brincadeira do género, não com escaramuças entre irmanos com quem hoje nos damos lindamente, mas com os que nos são mais próximos, que trilham a mesma língua, cruzam os mesmos caminhos e a toda a hora nos chamamos por tu em tom amistoso e familiar. Os arranjos autárquicos, que uma suposta reforma administrativa está a querer cegamente engendrar, estão a começar a fazer-nos olhar de lado numa perspetiva de desconfiança, alicerçada, segundo se pensa, em aspetos de natureza económica ou financeira, porventura descobertos numa qualquer noite de intenso nevoeiro.
A agregação de freguesias e de concelhos está a querer perturbar o ambiente pacífico que sempre nos caraterizou, apesar de alguns saudáveis despiques locais até serem motivo para o desenvolvimento e busca de estratégias geradoras de bem-estar, solidariedade e progresso.
Não há muito, era galardão político e social, com direito a nome de rua e sei lá que mais, o ser capaz de elevar um agregado populacional a freguesia, vila ou mesmo cidade. Desta forma foram solenemente promovidos alguns aglomerados populacionais bem perto de nós e por todos mais que identificados e reconhecidos. Muitas palmas, sorrisos e vivas se ergueram em favor de tais inesquecíveis feitos. Hoje a música é outra e a apregoada reorganização administrativa territorial autárquica está a querer juntar povoações que individualmente se orgulham de seu nome, do particular modo de vida de seus filhos, mas que não se reveem num casamento com outras freguesias que lhe estão tentando colocar ao colo e com quem algumas vezes foram capazes de trocar mimos em incertas partilhas de courelas, caminhos, sistemas de rega e até em despiques de natureza desportiva. Amigos, amigos, negócios à parte continua a ser herança que o tempo ainda não apagou.
Cada freguesia, ao reconhecer sua verdadeira identidade, parece não se rever abraçada a outra vizinha que alguns lhe querem impor, despojando-a do seu sentido próprio, do destino que sempre caraterizou seus filhos, independentemente das amizades individuais ou coletivas com os parceiros que lhe estão próximos.
O namoro entre freguesias, que está a ser orquestrado por estruturas governamentais autárquicas responsáveis, parece querer perturbar o regular comportamento de muitas visadas. Valerá a pena insistir num indesejável casamento que mais tarde ou mais cedo poderá redundar num divórcio litigioso?



Autor
Sérgio Gaspar Saraiva

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
querer / freguesias / freguesia / lhe / União / mesmo / largas / centenas / andavam / lusitanos

Entidades
União

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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