Tema aquece última Assembleia Municipal.
"Gostava que me dissesse quantos clientes os sindicatos já levaram à Carveste? Para mim, neste momento, é o que importa fazer neste momento. O resto é demagogia". Foi assim que o presidente da Câmara Municipal de Belmonte, Amândio Melo, reagiu à declaração política apresentada pela deputada da CDU, Dulce Pinheiro, na última assembleia municipal, realizada na passada quinta-feira, 30 de Setembro, em que criticou o papel da Câmara perante a difícil situação económica por que passa a empresa de confecções em Caria.
Dulce Pinheiro, que criticou as novas medidas de austeridade do Governo, associou-as à crise económica que o distrito vive e em concreto à situação da Carveste, mostrando preocupação com o que acontece na empresa de confecções. "Não podemos deixar de responsabilizar a empresa pela forma como têm actuado nos últimos anos, mas esse facto não pode inviabilizar a continuidade da laboração da empresa e a defesa dos seus postos de trabalho. Esta deve ser apoiada e, como sempre defendemos, estes apoios devem ser devidamente controlados" afirma a deputada da CDU, que diz que esta complexa situação "não pode passar ao lado dos órgãos autárquicos tendo em conta a importância económica e social desta empresa para o concelho, para a freguesia onde está localizada, para a região e para os seus trabalhadores." E acusa o presidente da Câmara de demonstrar uma apreensão "que não passa disso mesmo, pois a verdade é que, para além dizer que esta é uma matéria que não se trata na praça pública (porventura com a ideia de que é ficando caladinhos e sossegadinhos que a coisa se resolve), não é do conhecimento público qualquer acção concreta, consistente, no sentido de pressionar, influenciar, exigir do poder central o combate ao cenário negro que vivemos". Dulce Pinheiro exigiu mesmo à autarquia que utilize "os recursos de que dispõe, e são vários, para reclamar do poder central as medidas necessárias e urgentes em defesa do aparelho produtivo e dos postos de trabalho."
Uma intervenção que não agradou a Amândio Melo, que na resposta perguntou à deputada quais os mecanismos que a Câmara dispõe para "resolver o assunto" e se os sindicatos já tinham levado novos clientes à empresa. "Isto não se trata dessa maneira, na praça pública, pois isso afasta clientes com o medo que têm ao verem as notícias na comunicação social" frisa o autarca, que se recusa a tratar as coisas assim. "É um erro" afirma o autarca belmontense, que diz não ter os meios para pôr a Carveste a funcionar bem e acusando a CDU bem como o Sindicato Têxtil de acharem ser donos da razão. "Já nem o Fidel acredita nisso" ironizou, dizendo que "nós trabalhamos e não falamos, vocês falam e fazem pouco".
Dulce Pinheiro, no entanto, lembrou não estar na assembleia como sindicalista, mas sim deputada, disse que não tem faltado trabalho à Carveste e quando há ordenados em atraso a cerca de 200 trabalhadores "não há sigilo que aguente".
Autor
João Alves
Palavras-Chave
Carveste / empresa / levaram / Pinheiro / Câmara / Municipal / Gostava / Dulce / Tema / Amândio
Entidades
Dulce Pinheiro / sossegadinhos / Amândio Melo / Fidel / Amândio
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