Operários em greve reclamam aumentos. Administração diz que devem escolher entre isso ou despedimentos.
É por demais conhecida, ao longo dos anos, as constantes lutas dos trabalhadores das Minas da Panasqueira por melhores condições de trabalho. Se há três décadas atrás muitas dessas questões se prendiam não só com os aumentos salariais mas também com a própria saúde dos mineiros, hoje as reivindicações não são muito diferentes. No passado dia 12, nas Minas da Panasqueira, houve greve, pedindo aumentos salariais. Esta quarta-feira, 24, quando esta edição chegar a algumas bancas, os mineiros estarão de novo parados.
Nos últimos anos, a própria sobrevivência da empresa Beralt Tin e Wolfram esteve em causa. O preço do volfrâmio baixava drasticamente nos mercados europeus, a empresa teve mesmo que abdicar de alguns funcionários e durante alguns anos pairou por aquelas bandas a possibilidade do drama massivo de desemprego, que teria grandes consequências em termos sociais. Felizmente, a conjuntura económica mundial mudou e as Minas da Panasqueira continuaram a laborar. E são, segundo o presidente do Conselho de Administração, António Correa de Sá, um sector "com futuro", já que os metais dali extraídos "continuam a ser importantes para a indústria mundial". Mas o amanhã só irá existir "se houve compreensão das pessoas".
Tudo isto, porque segundo Correa de Sá, a contestação dos trabalhadores nas últimas semanas não faz sentido neste momento. Os sindicatos exigem aumentos de ordenados numa altura em que, segundo eles, há um aumento de produção, novos clientes e um aumento no preço do volfrâmio. Dados que não batem certo com os da administração da empresa, que avisa mesmo que esta é uma altura de opções: se os salários aumentarem, os postos de trabalho irão diminuir. Se não houver aumentos, quem está nas minas tem o seu posto garantido. "Pensamos que existe alguma incompreensão perante a situação da empresa, que se tem esforçado muito por manter cá as pessoas. A empresa não pode continuar a acumular prejuízos e por isso pedimos aos sindicatos um período de reflexão" afirma Correa de Sá, que lamenta que mesmo assim as greves tenham seguido em frente.
Segundo dados da empresa, o prejuízo, em Maio do ano passado, foi de 132 mil euros e, dai até final de Dezembro, foi subindo atingindo mesmo nesse mês 560 mil euros de défice. Contas feitas, em 2009, o prejuízo acumulado nesse ano ultrapassou os dois milhões de euros. E só nos primeiros dois meses deste ano subiu mais 800 mil euros. "Estamos convencidos que a situação vai mudar" afirma o presidente do Conselho de Administração da Beralt Tin, que acredita que "iremos vender, no futuro, a quantidade de material para rentabilizar a empresa".
Correa de Sá lembra que, em termos mundiais, esta é uma fase "difícil da economia", com uma recessão que a todos afecta, mas diz que existem "reservas suficientes" para o negócio continuar. Aliás, a ideia é mesmo a de abrir novas galerias nas Minas nos próximos anos. "Temos três milhões de investimento para este ano na preparação de novas áreas" afirma o presidente do Conselho de Administração da Beralt Tin.
Segundo dados da empresa, nos últimos meses o preço do volfrâmio tem baixado, bem como a produção da empresa. Em sentido inverso, o endividamento tem crescido e estima-se que este mês esteja nos cinco milhões e 200 mil euros. Apesar de tudo, o número de mineiros tem-se mantido mais ou menos estável. Em 2008 havia 323, este mês estão ali ao serviço 324 e prevê-se que em Junho deste ano o número de funcionários até possa chegar aos 355.
Autor
João Alves
Palavras-Chave
Panasqueira / empresa / Minas / aumentos / Administração / Operários / Correa / euros / mesmo / Beralt
Entidades
Beralt Tin / António Correa de Sá / Correa de Sá / Conselho de Administração / Conselho de Administração da Beralt Tin
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