Empresa aposta em retardar colheitas.
A Beirabaga programa o Inverno das plantas para só darem fruto na altura do ano em que mais interessa: quando há menos oferta e os preços sobem, explica à agência Lusa o proprietário, Bernardo Horgan.
A empresa do Fundão produz groselha, amora, framboesa e mirtilo em 300 mil plantas envasadas que ocupam 15 hectares sob redes de sombra e estufas à beira de Alpedrinha e Fundão, na Serra da Gardunha. "Mantemos as plantas no frio, em pavilhões frigoríficos, para prolongar o período de dormência", uma técnica ainda rara em Portugal, explica Bernardo Horgan. Sob temperaturas entre -2 e 0 graus, elas aguardam pelo dia em que vão voltar a ver o Sol para retomarem a actividade e, passado algum tempo, darem fruto. "Por exemplo, a amoreira, que habitualmente dá fruto em Junho e Julho, ficou em dormência e agora só vai produzir em Setembro, altura em que o Norte da Europa já não tem amoras e ainda não surgiram no hemisfério Sul". "Ou seja, temos aqui uma oportunidade de sermos nós a fornecer com bons preços", explica.
Segundo Bernardo Horgan, o segredo da actividade que exerce desde 1991 está em descobrir os períodos em que a procura pelos pequenos frutos não tem resposta.
A Beirabaga está a estudar a expansão para o Algarve, onde as temperaturas mais altas oferecem mais dias por ano para tirar as plantas de dormência. "Poderemos produzir mais cedo e até mais tarde e assim estender a oferta a mais nichos de mercado do que aqueles que temos agora", sublinha. "Esta técnica tem custos que têm que ser compensados com os preços que conseguimos ao responder a nichos de mercado", acrescenta Bernardo Horgan. A fruta tem que ser colhida todos os dias para poder viajar.
A empresa tem seis trabalhadores efectivos, mas no pico das colheitas, em Junho e Julho, os terrenos chegam a juntar 100 colaboradores. "A mão-de-obra é o maior custo", destaca o responsável mas há outros: os pavilhões frigoríficos, por exemplo, representam um custo de cerca de três mil euros por mês em electricidade.
A Beirabaga produz 175 toneladas de fruta fresca por ano (sendo a maioria framboesa), da qual 60 por cento vai para o estrangeiro, e tem um volume de negócios anual de dois milhões de euros. "Vendemos para os mercados de frescos. Muito pouca fruta vai para a indústria", realça Bernardo Horgan, médico de formação, mas que nunca chegou a exercer. Cedo se dedicou à produção de mel com a família na Serra da Malcata e no início da década de 90 estudou o que fazer com os terrenos que tinham no concelho do Fundão. Um estudo indicava os pequenos frutos como um sector interessante, porque a Europa importa bastante.
Primeiro dedicaram-se à plantação de framboesa e rapidamente avançaram para os restantes frutos com um técnico holandês a introduzir a utilização de câmaras frigoríficas para as plantas. "Os nossos pequenos frutos chegam frescos a todas as cadeias de grandes superfícies de Portugal" e duas vezes por semana há camiões frigoríficos que partem para França, Holanda, Bélgica ou Inglaterra.
Autor
Notícias da Covilhã
Palavras-Chave
Horgan / Bernardo / Empresa / plantas / Inverno / Lusa / frutos / Beirabaga / explica / Fundão
Entidades
Bernardo Horgan / Lusa / Beirabaga / Fundão / Alpedrinha
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