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Menos vinho este ano

2011-08-31

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Granizo e míldio afectam produção na Beira Interior.

Setembro, mês de vindimas. Elas aí estão a começar um pouco por toda a Beira Interior, embora este ano, haja menos gachos para colher. Pelo menos, é esta a certeza deixada por alguns responsáveis das adegas cooperativas da região onde, em algumas zonas, se esperam quebras na ordem dos 60 por cento, um pouco à semelhança do que acontece em outras zonas do País, como o Alentejo. Culpados: o mau tempo e as doenças que afectaram a vinha.
No Fundão, a Adega começou a receber as primeiras uvas na semana passada, numa campanha que se prolonga até 23 de Setembro. O presidente da Adega fundanense, Albertino Nunes, não tem dúvidas de que este ano a produção será muito inferior ao ano transacto. " A produção, em termos gerais, deverá ter uma quebra de cerca de 60 por cento. Mas há aqui produtores que estão com quebras entre os 80 e 90 por cento" revela o presidente da direcção da Adega Cooperativa do Fundão. Que atribui as culpas ao mau tempo. "Penso que os motivos se prenderam com uma chuva ácida que caiu sobre as videiras. Porque há zonas, em que as videiras estavam debaixo de árvores, que nada apanharam e em que a uva é excelente. Noutros sítios, queimou-se tudo e os seguros não contemplam estes prejuízos devido à chuva. Só mesmo recorrendo ao fundo de calamidade se poderia recuperar alguma coisa. Os seguros apenas cobrem algum prejuízo que se tenha tido com a queda de granizo" assegura. Por isso, " este é um mau ano, em termos de produção, mas penso que o vinho, para este ano, não nos fará falta, até porque temos stock mais que suficiente. Para o ano é que pode fazer alguma falta."
De todo o modo, como diz o ditado, às vezes há males que vêm por bem e, Albertino Nunes, espera que um mau ano produtivo possa, apesar de tudo, ter efeitos benéficos. "Pode ser que esta quebra contribua para que o preço do vinho suba um pouco, pois está muito baixo. Antigamente, um garrafão de vinho custava cerca de seis euros e meio. Hoje, quase nem se vende por quatro" revela.

Perseguição ao álcool "é tenaz"

O dirigente diz que as pessoas "bebem menos vinho", mas ainda há "quem o continue a beber, mas com muitos receios devido à perseguição ao álcool na estrada, que é tenaz. Penso que deveria haver mais alguma tolerância pois, na minha opinião, há quem faça bem mais asneiras na estrada sem consumir uma grama de álcool. Mas todas estas questões são discutíveis" afirma. Quanto à qualidade, este ano, pelo menos, "das amostras que já recolhemos, parece ser excelente. As uvas têm grau e a maturação antecipou em cerca de 15 dias" diz.

Em Figueira, o míldio fez estragos

Na Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo, uma zona de excelência de vinhos, este ano também há uma grande quebra na produção. "Será um ano claramente mais fraco que o anterior. Há uma quebra significativa de entre 10 a 15 por cento, pelo menos, a avaliarmos pelos primeiros dados" afirma Ana Marcos, dirigente de uma adega onde a campanha ainda não começou. Culpados aqui, também o mau tempo e as doenças da vinha. "Tivemos granizo forte em Maio e agora também em Agosto. Depois, também tivemos ataques de míldio e as videiras não vieram tão fortes como no ano passado" lamenta. Ana Marcos revela que no ano passado a cooperativa recebeu cinco milhões de quilos de uva, um número que não deverá atingir este ano. "Já chegámos a receber 18 milhões" lamenta mais uma vez, dizendo que nos últimos anos os produtores, em vez de recorrerem à Adega para entregar a uva, preferiram vendê-la. "Só pensam no presente e acenaram-lhes com dinheiro e eles foram atrás. Se calhar isso este ano já nem acontece, pois houve quem ficasse sem receber o dinheiro" revela.
Na Cooperativa de Figueira, o "habitual" é ficar-se a dever a campanha do ano anterior aos agricultores, o que acontece neste momento. "Mas estamos a pensar fazer algum adiantamento de verbas já nesta vindima" assegura Ana Marcos. Que desconfia que, com as doenças que afectaram a vinha, o vinho, este ano, não seja de tão grande qualidade. "Nós temos, apesar de tudo, uma matéria prima muito boa. Esperamos que as doenças não tenham provocado nada de alarmante na qualidade" espera esta responsável.

(Reportagem completa na edição papel)



Autor
João Alves

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
Adega / Beira / Interior / vinho / produção / mau / Cooperativa / Setembro / quebra / Marcos

Entidades
Albertino Nunes / Ana Marcos / Granizo / Beira Interior Setembro / Beira Interior

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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