Muita adesão ao abaixo-assinado contra portagens

2010-10-06

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Na Feira de São Miguel. Sexta-feira há marcha lenta.

A dar aulas em Pinhel, Liliana Almeida faz todos os dias o percurso, desde o Fundão, pela A23. Por isso não hesitou quando viu um ponto de recolha de assinaturas com vista a protestar contra a introdução de portagens nas auto-estradas da região até Abril, como anunciou o Governo.

Na Feira de São Miguel, no Tortosendo, dia 28 de Setembro, a Comissão de Utentes saiu à rua com um abaixo-assinado que tem estado a circular. Liliana Almeida, à semelhança de muita gente, deixou também a sua identificação. "Já fiz as contas, vai-me custar quase 400 euros por mês", queixa-se a docente, que actualmente já sai de casa todos os dias às 7h30. "Se for pela outra estrada vou demorar o dobro do tempo. Terei de passar a levantar-me às 5h30 e a sair de casa às 6h30. A essa hora nem tenho onde deixar a minha filha", refere.

O Governo informou que até Abril todas as auto-estradas sem custos para o utilizador passam a ser pagas, o que inclui também a A23 e a A25. Liliana Almeida tem esperança de que o executivo de José Sócrates reconsidere. "Tenho esperança de que isso possa acontecer", diz.

Carmo Santos também fez questão de deixar a sua assinatura. "É mau para toda a gente, para quem cá mora, para o comércio". A mudança na decisão do Governo, que tinha garantido a manutenção das SCUT nas duas auto-estradas da região e este mês anunciou a introdução de portagens, também lhe provoca indignação: "O que me parece é que o primeiro-ministro é um trafulha".

"É uma forma de traição"
À entrada da Feira de São Miguel uma mesa servia de ponto de recolha de assinaturas, mas vários elementos da Comissão de Utentes também se movimentavam na mesma zona. Conseguir a adesão das pessoas foi uma tarefa que se revelou fácil. Umas assinavam depois de abordadas, outras dirigiam-se espontaneamente a quem tinha a folha, quando percebiam de que se tratava. Em apenas cerca de uma hora, mais de 600 pessoas deixaram o seu nome nas folhas que pedem para que a circulação nas vias em causa não passe a ser paga.

Isso mesmo reforçou Vítor Reis Silva, um dos dinamizadores da iniciativa. "As pessoas estão descontentes contra uma medida que consideram injusta e protestam", salienta. "Estamos perante uma forma de traição ao povo que o elegeu, porque muita gente votou nele acreditando na promessa que fez", acrescentou Reis Silva, referindo-se a José Sócrates.

Entre as recolhidas na Internet e em papel, são mais de 20 mil as assinaturas reunidas. Calendarizadas estão já outras iniciativas, em Vila velha de Ródão e no Pelourinho, na Covilhã. "Quanto mais assinaturas, maior a pressão", sublinha Vítor Reis Silva. "Vamos continuar com um conjunto de acções que culminam dia 8 de Abril com uma acção nacional realizada pelas Comissões de Utentes", informa.

Este responsável sublinha os índices de desenvolvimento da região e refere que há troços da A23 construídos em cima do antigo IP2, o que limita as alternativas. "Resta exigir ao Governo que cumpra a promessa feita quando foi eleito", frisa Reis Silva. "Isto irá ter efeitos prejudiciais para as populações", continua.

Questionado se acredita na revogação da decisão, Reis Silva diz que "é sempre possível". "O Governo, para resolver um problema de défice criado pelos grandes grupos financeiros, vem agora retirar a quem pouco tem", critica o membro da Comissão de Utentes.