Comissão de utentes ouviu opiniões.
A Comissão de Utentes Contra as Portagens vai em breve anunciar mais um conjunto de iniciativas de protesto para voltar a colocar o descontentamento das populações do Interior pelo fim das SCUT da A23, A25 e A24 "na ordem do dia".
Antes de tomar decisões, os responsáveis da Comissão de Utentes quiseram ouvir opiniões e sugestões. Por isso promoveram na última sexta-feira, 17, reuniões abertas à população em Castelo Branco e na Covilhã.
No auditório da ANIL, lamentou-se a pouca adesão, mas as cerca de duas dezenas de pessoas quase todas mostraram o seu ponto de vista. O resultado de todos os contributos será em breve conhecido, traduzido num novo calendário de iniciativas.
Pedro Camão, enfermeiro, desloca-se diariamente da Guarda para a Covilhã, tal como cerca de 20 colegas, e mostra-se preocupado com os oito euros e meio que terá de pagar pelas duas viagens. "Acredito que as portagens irão avante, se não for por este Governo será pelo FMI", disse o enfermeiro, que acha talvez mais produtivo que se comece a batalhar por negociar as isenções e a redução do preço por quilómetro.
"As isenções são paliativos para as portagens serem mais bem aceites, dentro de pouco tempo elas vão acabar", referiu António Cardoso. "A nossa indignação tem de ser pela não introdução de portagens", defendeu. Uma opinião, de resto, secundada pela maioria dos presentes.
Para José Gomes "as pessoas têm de ter a coragem de dizer que não pagam". "A maneira mais efectiva de protestar é não pagar", acrescenta o cidadão com casa em Peraboa, que ridicularizou quem, no norte, passou dias em filas para comprar um dispositivo que lhes permite fazer o pagamento em vias que dias antes lutavam para que fossem gratuitas.
Abaixo-assinado tem 4500 assinaturas em papel
José Robalo, na qualidade de empresário, sublinhou que as portagens "são mais uma taxa". "São aumentos de preços que não sei se as empresas conseguem aguentar", reitera. E alerta: "Isto vai entrar no bolso de todos nós. Tudo vai ficar mais caro. Torna-se mais difícil estar no Interior".
Robalo ataca o princípio do utilizador-pagador, dizendo que nesse caso quem os utiliza "que comece a pagar o metro e a Carris, onde eu não ando". "Pelo facto de estarmos no Interior, temos custos agravados", acrescenta. O presidente da Associação Nacional de Industriais de Lanifícios lembra que muitos troços foram construídos em cima de estradas que já existiam, sugere que se faça uma exposição ao Procurador de Justiça e estranha que em 2004, quando o Governo de Santana Lopes quis acabar com as SCUT "tanta gente que esteve contra agora esteja calado".
O abaixo-assinado posto a circular, que exige ao Governo o recuo na introdução de portagens tem, em papel, mais de 4500 assinaturas, fora as obtidas via Internet. Luís Garra, coordenador da União de Sindicatos de Castelo Branco, considera que o combate pelas SCUT "adormeceu", entende que tem de ganhar nova vida e considera que "não estão esgotadas as possibilidades do abaixo-assinado. "Era importante reanimar o processo de recolha de assinaturas", defende, para levar o assunto à discussão na Assembleia na República. Um trabalho em que as juntas de freguesia rurais podem ter um papel importante, salienta Garra.
Segundo Aníbal Cabral, "não tem sido nada difícil levar as pessoas a assinar, elas vêm ter connosco às acções com toda a disponibilidade para participarem, porque se sentem indignadas".
Para Fernandes Matos, da Comissão de Utentes, as portagens "são uma taxa que vai prejudicar a saúde financeira das empresas e população". "É uma machadada no desenvolvimento da nossa região". "Se não fizermos nada, então podemos ter a certeza de que vamos ter portagens", sublinha o professor, que anuncia para breve novidades nos protestos.
Autor
Ana Ribeiro Rodrigues
Palavras-Chave
Comissão / utentes / portagens / Interior / opiniões / SCUT / Governo / Covilhã / pessoas / pagar
Entidades
Pedro Camão / António Cardoso / José Gomes / José Robalo / Robalo
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