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Santa Casa diz que razões políticas prejudicam recuperação

2010-11-24

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João Gaspar acusa Amândio Melo de não querer paz.
A Santa Casa da Misericórdia de Belmonte realizou na passada segunda-feira, 22, uma assembleia geral de irmãos em que aprovou o oçamentopara o próximo ano (assunto a desenvolver na próxima edição). Mas o tema da auditoria revelada na semana passada pela Lusa foi mais uma vez abordado.Na semana passada o tema fez com que os responsáveis da instituição viessem a público explicar este relatório, que apontava para a "falência técnica" da instituição. Na segunda-feira, o Provedor João Gaspar voltou a acusar Amândio Melo de "não querer paz".

O relatório, da autoria da firma de revisores oficiais de contas Moore Stephens considerou especialmente graves os investimentos sem retorno, a rondar um milhão de euros, num lar em Caria (por construir), num lar auditório e na área empresarial, com a Ecoldiesel, que segundo o relatório também ela está em falência técnica. No entanto, o Provedor João Gaspar sublinhava na semana passada que os investimentos dos últimos anos foram decididos pelos órgãos da Misericórdia e acusava a Câmara de Belmonte de colocar "obstáculos" que conduziram a dificuldades na sua rentabilização. Gaspar dizia que a instituição estava a tomar medidas necessárias para o equilíbrio financeiro da mesma, com a redução de funcionários e pedia "tempo e paz" para efectuar esse trabalho, algo que "o presidente da Câmara não nos dá". Já o autarca belmontense, Amândio Melo, dizia ser urgente "uma nova mesa" para dirigir a Misericórdia, para por cobro à "falta de rigor e esbanjamento" de recursos.

Depois da troca de palavras, na passada semana, a Mesa Administrativa da Misericórdia, em comunicado, confirmou a existência do relatório feito por uma entidade "credenciada, idónea e independente", com o consentimento da instituição que abriu portas para a empresa ter acesso aos dados económicos e financeiros da Misericórdia, mas lembrou que o relatório também diz que "os actuais responsáveis da instituição, conhecedores da gravidade da situação financeira, estão a tomar as medidas possíveis para as circunstâncias", aludindo à redução de pessoal e encontrando-se "empenhados na obtenção de receitas extraordinárias". Por isso, diz a Mesa Administrativa, "a recuperação financeira" da Santa Casa "não só está em curso como ainda está assegurada desde que para ela colaborem as mais diferentes entidades públicas e privadas", bem como fornecedores e a banca.

Órgãos sociais querem levar mandato até ao fim

A Mesa Administrativa apelas às entidades para que "não provoquem um estrangulamento financeiro da instituição" e critica o passar de uma "imagem negativa" que "alguns responsáveis da administração central e local transmitem deliberadamente", por "razões políticas de ordem pessoal ou de interesses que pretendem ver instalados, em nada aproveita a instituição". Assim, dizem os responsáveis da Misericórdia, colocam "em causa o plano de recuperação financeira" no qual os órgãos sociais se encontram "fortemente empenhados.

Porém, na passada quarta-feira, 17, no final da reunião de Câmara, o presidente da autarquia, Amândio Melo, voltou a revelar a sua preocupação com a instituição. "Não me refiro a ninguém em particular. Refiro-me à mesa. O modelo de gestão da Santa Casa não serve. E por isso é imprescindível mudar a mesa, que não tem credibilidade sequer para negociar dívidas" frisa o autarca, que enviou o relatório a todo o executivo, presidente da Assembleia Municipal, padre da freguesia e Bispo da Guarda, D.Manuel Felício. "Compete às instituições responsáveis decidirem. É preciso uma atitude face ao que lá acontece, pois a situação já foi denunciada há mais de um ano, quase dois. Vamos aguardar que se tomem medidas" diz Amândio Melo.

Certo é que, em comunicado, a Mesa Administrativa da Santa Casa diz que os órgãos sociais "levarão por diante e até final do mandato todas as acções que entenderem por necessárias à prossecução da instituição, que não tendo fins lucrativos, apenas e só com resultados positivos poderá contribuir para a sua sustentação".



Autor
João Alves

Categoria
Local Belmonte

Palavras-Chave
mesa / Misericórdia / instituição / Melo / Amândio / Casa / Santa / passada / Gaspar / relatório

Entidades
João Gaspar / Amândio Melo / Provedor João Gaspar / Moore Stephens / Gaspar

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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