Fingertips procuram vocalista na Covilhã

2010-03-31

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Cerca de 20 pessoas prestaram provas na Covilhã.

Sentada num grande puff, na companhia de duas pessoas da produção, Marina aperta nervosamente a folha que tem na mão. É a ficha de inscrição, com o carimbo "aprovado" a verde, depois de já ter passado pela pré-selecção da audição através da qual se vai escolher a futura voz dos Fingertips. O próximo passo é entrar no espaço onde dois elementos da banda e dois técnicos a vão ouvir cantar.

Olha para o chão, aperta novamente com as duas mãos as folhas preenchidas com os dados pessoais e tenta esconder a ansiedade. Gosta de se ouvir, costuma cantar pela casa, a sua voz é elogiada pelos amigos, sente-se bem quando participa em karaokes e sabe que há aspectos que tem de corrigir. Consciente de que não é perfeita, ainda assim quis tentar a sorte. Sobretudo quando tem a oportunidade de o fazer perto de casa, sem ter de se deslocar a Lisboa. Pela primeira vez participa numa audição. Quer ouvir a opinião habilitada "de quem percebe de música". O momento chegou agora, dentro de uma tenda montada no Pelourinho da Covilhã.

Numa área reservada, com uma cobertura transparente, com vista para o exterior, Marina Cruz, estudante de Enfermagem de 19 anos, natural do Dominguiso, informa que vai cantar "How To Save a Life", tema muito em voga nas listas de músicas tocadas pelas rádios. Só que os nervos atraiçoam-na. Esquece-se de parte da letra. "Descontrai. Estás muito nervosa", diz-lhe Rui Saraiva, o mentor da banda. Nova tentativa, novo bloqueio. "Faz de conta que estás no teu quarto a cantar", aconselha o compositor dos Fingertips. O teste não corre da melhor forma. Mariana considera que lhe correu "pessimamente", mas não se arrepende de ter tentado a sorte.

Audição passa por oito cidades

Durante a tarde da última sexta-feira, dia 26, mais de vinte pessoas deslocaram-se ao casting que vai ser feito em oito cidades do País, numa parceria entre a RFM e os Fingertips para escolher o novo vocalista da banda de pop-rock, depois da saída, no início do ano, de Zé Manel, cantor com origens na Covilhã.

Estudantes na Universidade da Beira Interior, gente da cidade e arredores e também pessoas vindas de outros pontos do País vieram mostrar os dotes vocais, na expectativa de virem a partilhar o palco com os restantes elementos da banda de Vouzela.

A Covilhã acabou por ser a cidade com menos adesão, mas não necessariamente onde apareceu gente com menos capacidades. "Temos gostado das pessoas que têm aparecido, temos conhecido gente com muito gosto pela música". "Se do que vi é possível que o vencedor saia dos que foram ouvidos hoje? Claro, é possível", responde o rosto dos Fingertips.

O teste é aberto a toda a gente com mais de 16 anos, homem ou mulher. A maioria anda na casa dos 16, 18, 20 anos. Mas apareceram também candidatos mais velhos. "Quisemos abrir este desafio a toda a gente. Não queríamos encontrar alguém igual ao Zé Manel, um clone, mas alguém com carisma, com a sua própria personalidade, que dê um input ao trabalho da banda".

A passagem pelo Interior é uma forma de dar oportunidade a todos, mesmo aos que vivem nas zonas periféricas, de se mostrarem, o que nem sempre acontece fora dos grandes centros urbanos. Apesar de Rui Saraiva, ele próprio líder de uma banda originária do Interior, entender que actualmente, com o recurso às novas tecnologias, a distância se tornou muito relativa. "Hoje em qualquer ponto do País estamos no mundo".

(Reportagem completa na edição papel)