Entrevista ao presidente do Covilhã. Na íntegra na edição papel.
Reconhece que esta época não foi muito normal?
José Mendes- Foi uma época tremendamente difícil. Mas os objectivos foram conseguidos. E por isso estamos satisfeitos. Se a nível financeiro as coisas estão tranquilas, a nível desportivo não foi assim. A Segunda Liga é muito competitiva, tem equipas com orçamentos muito maiores que nós, e depois tivemos também alguns problemas que impediram de ir mais além. A segunda volta foi mesmo muito complicada.
O objectivo de superar o sétimo lugar da época passada ficou mesmo muito aquém das expectativas…
Sem dúvida. Queremos fazer sempre mais e melhor que em épocas anteriores, melhorar a classificação, mas o futebol é isto. É um jogo e as coisas nem sempre correm como nós queremos.
Uma época com três treinadores e muitas mexidas no plantel acabaram por afectar a unidade do grupo, não acha?
Quando planeamos uma época é sempre com a intenção de que corra da melhor maneira. E com as pessoas que pensamos serem as certas para os lugares certos. A escolha dos treinadores é sempre com a premissa de começarem os contratos e acabá-los. Mas por uma razão ou outra, não temos sido muito felizes, tirando a época anterior em que o treinador começou e acabou, exceptuando aqueles 30 dias do senhor Álvaro Magalhães. O Hélio fez um campeonato tranquilo. E também tínhamos uma belíssima equipa. Este ano, quando contratámos um técnico da Primeira Liga, pensámos que as coisas iam correr bem. Assim não foi. E não vale a pena estar aqui à procura do porquê. Depois, decidimos dar mais uma vez uma oportunidade a um homem da terra, e os resultados continuaram a não aparecer. Voltou a mudar-se de treinador. São situações muito chatas, compreendo que os sócios questionem a direcção por isso, mas isto só acontece por não se conseguirem os resultados que pretendemos ter. Como homens, não tenho nada a apontar aos treinadores.
Há um ano atrás era quase dado adquirido que o Hélio ficava. Com ele, as coisas teriam sido diferentes?
Nunca nenhuma época é igual à anterior. Não posso dizer que com o Hélio seria diferente. O futebol é um jogo, as condicionantes ao longo da época são várias, e por isso, essa ideia é imprevisível. Ninguém pode prever isso.
"Em Janeiro não havia dinheiro para ir buscar jogadores"
Em Dezembro, na reabertura de mercado, o Covilhã também não foi lá muito feliz nas contratações que fez…
Isso temos que reconhecer. Não fomos felizes. Mas quem é que não erra? Porém, a verdade é que em Janeiro não tínhamos dinheiro para ir buscar jogadores e tivemos que recorrer aos empréstimos. Vieram indicados por pessoas credenciadas, quase todos vindos da Primeira Liga e tínhamos a ideia de que eram jogadores que poderiam servir ao Covilhã. Acabámos por constatar que não era assim. Se juntarmos a isso as graves lesões do Paulo Vaz e do Pedro Ribeiro, logo no início da época, o caso do doping do Diego, ainda no Belenenses, podemos ver que há vários problemas que os dirigentes não podem controlar. Juntaram-se ainda os casos de indisciplina do Josué, Béré e Fábio Ervões, e nesse ponto, o clube não admite indisciplina. Resolvemos os casos, mas também fomos penalizados por isso, pois houve períodos em que ficámos apenas com 15 a 16 jogadores. Mas há regras para cumprir. E quem não o faz, sujeita-se às consequências. Isto são factores que não se podem controlar, e tudo isto tornou a época mais difícil.
Apesar do risco, o Covilhã não caiu na tentação de gastar dinheiro para ter melhores reforços. É uma postura para manter, a do rigor orçamental?
Não me passa pela cabeça agir de outra forma. Eu e a minha direcção fazemos orçamentos para cumprir com rigor. Queremos continuar a fazer o que temos feito até aqui nesse capítulo. Há muitos clubes que fazem isso, mas nós não entramos por aí. Iremos continuar a contratar dentro das nossas possibilidades, até porque o Covilhã já começa a ter, em termos financeiros, alguma estabilidade. A vida do clube não é fácil, apesar de termos aquilo que devemos, a questão da sede, controlado.
Ter sempre tudo em dia com os atletas será um trunfo no futuro, com vista a melhores aquisições?
É difícil, mesmo pagando a tempo e horas, porque temos vencimentos muito baixos. Tirando o Carregado, teríamos o orçamento mais baixo da Segunda Liga. Há alguns clubes que também pagam certo e pagam mais que o Covilhã. E que ficam mais perto dos grandes centros. A Covilhã continua longe e há muitos atletas que não querem vir para cá. O caso do Bura foi um dos exemplos. Não posso obrigar ninguém a vir para cá. Nem mandar na cabeça dos jogadores.
Pode o clube, a médio longo prazo, pensar em subir à Primeira Liga?
Não. Acho que, depois da boa classificação que tivemos na época passada, todos começámos a pensar em mais e melhor. Quem não gostaria de colocar de novo esta região na Primeira Liga? Não digo que não seja possível, porque o futebol é um jogo e às vezes equipas com orçamentos baixos conseguem subir. Quem sabe um dia isso não nos acontece? Mas temos que ter a noção de que não é fácil. A realidade é que não temos orçamentos para isso.
Autor
João Alves
Palavras-Chave
época / Covilhã / Liga / Entrevista / Mendes / jogadores / José / Hélio / orçamentos / mesmo
Entidades
José Mendes- / Álvaro Magalhães / Hélio / Paulo Vaz / Pedro Ribeiro
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