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Crianças vítimas de incúria têm porto de abrigo no Dominguiso

2010-12-15

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Há dez anos que o Centro Social Jesus Maria José, no Dominguiso, acolhe crianças que lhe chegam com sinais de negligência ou fisicamente maltratadas.

Confortável, está agora ao colo de uma funcionária, a comer a papa, mas era ainda um bebé de poucos meses quando chegou às mãos do Centro Social Jesus Maria José, no Dominguiso, depois de ter saído do hospital, onde foi tratado a uma fractura no rosto provocada pela fúria do próprio pai. O dia em que uma criança lhes foi entregue com indícios de há semanas não tomar banho e sinais evidentes de negligência está também bem marcado na memória mais recente.
Os casos de crianças de tenra idade mal nutridas, vítimas de maus-tratos, de negligência ou abandonadas multiplicam-se na instituição. É este o historial de quase todas as que estão no centro de acolhimento temporário, para crianças de poucos dias aos seis anos, embora existam duas de oito anos, que se optou por não se separar dos irmãos.
Prostituição, alcoolismo, pobreza extrema, sobretudo de "espírito". É este o quadro familiar de quem vem parar à instituição fundada em 1998 no Dominguiso, num antigo solar, e gerida por quatro religiosas.
A Casa Jesus Maria José, extensão do instituto com o mesmo nome, sedeado em Viseu, tem também em funcionamento uma creche e actividades de tempos livres, serviços abertos a toda a população. Quando chega ao fim do dia e os pais vêm buscar os filhos, as 14 crianças do centro de acolhimento temporário sobem ao primeiro andar para o lugar que se tornou a sua casa, no seio da família possível.

30 adoptadas

No antigo solar do casal Neves, família abastada, sem filhos, que cedeu a residência apalaçada ao Instituto, o ambiente é acolhedor. As paredes, a pedirem reparação num ou noutro ponto, são povoadas por imagens e motivos infantis. No soalho, de madeira, estão arrumados brinquedos e nos armários, forrados com tecidos coloridos, estão afixados os nomes dos seus utilizadores.
De um quarto acede-se sucessivamente ao seguinte. O berçário, agora com dois bebés, numa das extremidades. Depois o seguinte, onde dormem crianças com mais de dois anos e mais à frente o dos rapazes e o das raparigas. No meio, uma divisão mais pequena está destinada à religiosa que lhes faz companhia durante a noite. "Este ambiente familiar acontece espontaneamente", assegura Maria do Céu Lopes, a directora. "Esta é a nossa casa, também queremos que sintam que seja a deles", acrescenta a irmã.
Desde que existe o centro de acolhimento temporário, criado em 2000, passaram pela instituição 44 crianças internas, a maioria para quem se encontrou com relativa celeridade "um projecto de vida" com uma nova família. Foram cerca de 30 as crianças adoptadas, a maioria ainda com meses, embora a mais velha e primeira a passar por esse processo na Casa tenha sido uma menina de oito anos. Mas também têm encontrado novos pais crianças de três, quatro ou seis anos.
Apesar do convívio diário com funcionários e as quatro religiosas residentes, com a criação de laços afectivos, a directora diz que não lhe custa vê-los partir. "Quando vão embora é bom, porque vão poder ter mais que o que lhes damos. Não é possível dar o mesmo colo a 14 de uma só vez", sublinha Maria do Céu Lopes.

(Leia esta reportagem completa na edição papel desta semana)



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
Social / Crianças / Dominguiso / Maria / Centro / José / Confortável / Jesus / negligência / Casa

Entidades
Confortável / Casa Jesus Maria José / Neves / Maria do Céu Lopes / Casa

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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