Carlos Pinto denuncia pressões de autarcas.
O presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, anunciou na passada sexta-feira, 8, no decorrer da Assembleia Municipal, que o município vai pedir esclarecimentos ao Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre os Censos 2011.
Após fazer uma resenha histórica da perca de população no concelho, desde 1950, em que havia cerca de 68 mil pessoas, para se chegar ao ano 2011, com 54 mil 572 pessoas, Carlos Pinto estabeleceu uma comparação de resultados entre concelhos e levantou dúvidas sobre os números da capital de distrito, Castelo Branco. Segundo os Censos 2011, nos últimos dez anos a população residente em Castelo Branco cresceu meio ponto percentual para 56 mil e 33 pessoas, enquanto na Covilhã caiu cinco por centro para 51 mil 770 pessoas. Depois de fazer comparações e levantar dúvidas, Carlos Pinto fez a denúncia: "Eu não chamei ao meu gabinete quem fez os Censos antes de os mandarem para o INE. Mas sei de muitos presidentes de Câmara que chamaram", referiu, com base em "testemunhos dos próprios directores de serviço". Carlos Pinto deu exemplo de perguntas que terão sido dirigidas pelos presidentes de câmara a quem fez o trabalho, tais como "que números aí têm? Como vão tratar os presentes e ausentes?", refere. Questionado no final da reunião o autarca não quis concretizar a acusação: "Não quer que diga os nomes. É uma questão que me diz respeito e a informação guardo-a para mim". Referindo apenas que "foram autarcas".
Já no final da passada semana, em comunicado, a Câmara tinha contestado os números, mostrando que na Covilhã, segundo os Censos 2011, houvera uma evolução no que concerne às famílias clássicas nos últimos 10 anos (mais 2051), nos alojamentos familiares (mais 4893), embora no que toca a população presente (menos 58) e residente (menos 2735) houvesse um retrocesso. Números que face ao aumento das famílias "não dão para perceber a redução" diz a autarquia. A Câmara cita ainda números da cidade de Castelo Branco, que mostram um aumento das famílias, alojamentos e da população presente (347) e residente (325). O que faz a autarquia questionar como é que é possível ter mais residentes do que presentes (estes envolvem população flutuante, como por exemplo, universitários). "O crescimento nominal e percentual, de famílias residentes e alojamentos familiares é superior na Covilhã, mas, em Castelo Branco, com estes dados, a população residente é superior à presente. Esta surpreendente criatividade do Instituto Nacional de Estatística (INE), conduz à caricata situação de determinar um número de "presentes" nos domicílios em Castelo Branco, inferior aos "residentes". Deste modo, estaremos perante uma absoluta novidade, qual seja a da existência de população flutuante negativa" critica a Câmara, que diz ser "legítimo questionar-se se o trabalho de campo em Castelo Branco." A Câmara classifica mesmo estes Censos como uma "trapalhada estatística" dai que tenha solicitado ao INE "os esclarecimentos que a análise supra referida exige, quanto a diferenças de tratamento da realidade, sem colocar de parte outras formas de actuação que visem apurar e repor a verdade, sem manipulações e influências a ela estranhas."
Durante a reunião da Assembleia Municipal, Carlos Pinto disse que todo o Interior tem sido vítima de não haver "uma política de desenvolvimento regional" e disse que não é motivo de regozijo que cidades vizinhas percam população. "Fico muito feliz que Castelo Branco tenha desenvolvimento, mas não deixo que minimizem o que nós conquistámos". E revelou: "Só o facto de mantermos pessoas cá já é muito bom". O autarca mostrou-se ainda contra o facto de alguns serviços públicos irem apenas para capitais de distrito. "Não devia ser assim. Deviam ir para onde há pessoas. Isto não pode ser uma questão de antiguidade" acusa.
Orçamentos distintos lembrados
A discussão sobre os Censos foi despoletada pelo presidente da Junta do Ferro, Paulo Tourais, que disse que estes números revelam "o abandono a que o PS vetou o Interior". O deputado social-democrata lembrou a diferença nas transferências do Estado às câmaras da Covilhã e Castelo Branco, dizendo que esta última recebe "mais três milhões" que a primeira e que mesmo assim só consegue "mais mil pessoas que a Covilhã", onde cinco freguesias tiveram crescimento, contra duas albicastrenses.
Pela CDU, Vítor Reis Silva, perguntou a quem é que pode ser imputada a culpa pela desertificação do Interior. "Às políticas do PS e PSD" afirma, elogiando os autarcas que tudo fazem para "estancar a hemorragia do Interior". "Todos eles fazem muito" elogia.
Autor
João Alves
Palavras-Chave
Castelo / Pinto / Branco / Carlos / Censos / Câmara / Covilhã / população / INE / pessoas
Entidades
Carlos Pinto / Deviam / Paulo Tourais / Vítor Reis Silva / INE
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