Nos bombeiros.
Foi o tema que mais dominou a Assembleia Municipal de Belmonte na passada sexta-feira, 30. E foi levantado por um munícipe (uma rara excepção nestes encontros) que queria saber bem o porquê da Câmara não ter renovado o protocolo de colaboração com a Autoridade Nacional de Protecção Civil para que o concelho tivesse uma Equipa Permanente de Bombeiros. "Não cheguei a perceber bem qual a razão. O socorro em Belmonte preocupa-me" dizia João Carvalho, que se apresentou na condição de munícipe, embora seja o adjunto do comandante na corporação.
O tema aqueceu, foi debatido por várias forças políticas e, embora numa primeira fase, o autarca Amândio Melo dissesse não ser aquele o local ideal para dar qualquer explicação, acabou por fazê-lo demonstrando abertura para o diálogo com as partes envolvidas, mas sempre frisando que "quero é saber quem é que paga".
Luís Elvas, da bancada do PSD, disse ser este um assunto que diz respeito a todos, mas diz que o seu partido "não teve responsabilidade nenhuma" na decisão, que foi unânime no executivo camarário, com voto favorável dos agora vereadores independentes Jorge Amaro e Luís António, que foram eleitos nas listas do PSD, mas a quem o partido retirou depois a confiança política. Um facto que deu numa troca de palavras entre vereador e deputado. "Os vereadores que hoje se sentam nos lugares que eram legítimos para o PSD não ouviram o partido. Lamentamos não ter tido oportunidade de participar na decisão" afirma Elvas, que classificou a situação política no concelho como um autêntico "bloco central, sem oposição na Câmara". Uma forma retórica que segundo Jorge Amaro foi "menos lisa", com "afirmações avulsas" com críticas a vereadores que o são de "forma legal e legítima", já que "a confiança lhes foi retirada de forma unilateral". O vereador considerou as declarações de "populismo fácil" e lembrou que no que toca às decisões da Câmara, nem sempre vota a favor, exemplificando com o não às obras de requalificação do quartel dos bombeiros, já que sempre defendeu um quartel novo.
Pelo PS, Eduardo Gomes reconheceu que é "preciso algum cuidado" no que toca ao socorro às populações" apelando à "busca de outras soluções" de entendimento entre as partes de modo a que o socorro "não seja posto em causa". Já António Manuel Rodrigues, presidente da Junta, acredita que com toda esta polémica "quem já perdeu foram os bombeiros" revelando um certo "mau-estar" no quartel e dizendo que o fim da equipa é "mau para as populações". O autarca lembra que este grupo de bombeiros responde "ao minuto" em caso de sinistros e deu como exemplo acidentes que acontecessem na A23, em que "por cinco minutos de atraso no socorro perde-se a vida". Um argumento retaliado pelo autarca de Maçaínhas, Carlos Teixeira, que lembra que a equipa só existe há três anos e que os voluntários sempre deram boa resposta. "Quem é voluntário está sempre presente" assegura.
"Câmara não tem fábrica de fazer notas"
Já o autarca Amândio Melo, justificou a não renovação do protocolo por não ter garantias de sustentabilidade da Equipa Permanente. "A decisão foi pensada a pensar no futuro da Associação. Se a Câmara não transferisse verbas para lá, metade do corpo activo não teria os vencimentos em dia" assegura o autarca, que diz que todos os meses a Câmara transfere quatro mil e 100 euros para pagamento aos seis funcionários dos Bombeiros. "A Câmara teria que pagar mais quatro mil e tal euros para pagar mais cinco funcionários. Não podíamos por em causa o futuro da Associação quando a Protecção Civil deixasse de pagar os seus 50 por cento" afiança, revelando abertura para se encontrar uma solução. "Tenho é a obrigação de alertar as pessoas para a situação. Quero é saber quem é que paga 60 mil euros, no futuro" afirma Amândio Melo, que diz que não existe "ninguém mais preocupado que eu com o socorro às populações". O autarca diz que, recentemente, já teve reuniões com a Protecção Civil para se encontrar uma base de entendimento, e que em tudo isto "não adianta fazerem manifestações ou darem-nos lições de moral. A Câmara não tem uma fábrica de fazer notas" afirma.
De ressalvar que, até Maio, a Equipa se manterá em funções.
Autor
João Alves
Palavras-Chave
Câmara / Equipa / permanente / bombeiros / autarca / Assembleia / Municipal / socorro / PSD / Belmonte
Entidades
João Carvalho / Amândio Melo / Luís Elvas / Jorge Amaro / Luís António
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