Ignorância, chá e fascismo na Assembleia

2011-05-04

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Dura troca de palavras entre Amândio Melo e Dulce Pinheiro marca reunião dos deputados municipais.
Uma acesa troca de duras palavras entre o autarca local, Amândio Melo, e a deputada da CDU, Dulce Pinheiro, marcou, na passada sexta-feira, 29, a Assembleia Municipal de Belmonte. Uma reunião em que foram aprovadas as contas da Câmara relativas a 2010, mas em que se falou um pouco de tudo: desde a ignorância ou inteligência, ao chá e de fascismo.
Tudo começou logo no início da reunião. Dulce Pinheiro perguntou a Melo qual era, afinal, a localização do Lar de Caria, disse ter recebido queixas, de um assunto que remonta a 2005, de moradores daquela localidade que dizem não ter saneamento básico, pediu que fossem entregues aos deputados as contas da Empresa Municipal de 2010 e criticou o facto de no domingo de Páscoa os museus da vila terem estado fechados quando, segundo ela, teria havido um compromisso com visitantes para abrir portas.
A resposta por parte de Amândio Melo surgiu dura. O autarca lembrou que os funcionários dos museus tinham direito ao feriado, que não havia compromisso algum e que durante o ano os museus fecham apenas quatro vezes, entre as quais a Páscoa e o Natal. "O direito à família é sagrado. Neste dia todos os museus do País estão fechados. E enquanto eu for presidente da Câmara aqui será assim. No dia 1 de Maio também fecham, mas com certeza que aí a senhora deputada já não irá questionar" atirou Melo. O autarca assegurou que as contas da Empresa Municipal chegariam às mãos de todos os deputados, que a CDU ainda haveria de ter que "fazer um elogio" a essa gestão, e quando chegou à questão do saneamento básico, o clima azedou ainda mais. "Não conheço no concelho nenhum bairro sem saneamento básico. Não existe. E você devia saber disso. Isso revela ignorância. O que existe são casas dispersas com fossas sépticas legais. Nesta área somos um exemplo no País" afirma o autarca, que aconselha mesmo a deputada comunista a dar o lugar a outro "que acompanhe o dia-a-dia do concelho. Você não sabe o que se passa por cá. Não mora cá. Eu trabalho aqui todos os dias, não venho cá de vez em quando". Irritado, Amândio Melo prosseguiu dizendo que "toda a gente sabe" para onde está projectado o Lar de Caria, na Cerca do Conde, mas depois de ouvir tudo isto, Dulce Pinheiro não resistiu mais, acusando o autarca de estar a ser ofensivo e de se comportar "como um autêntico fascista". "Isso já foi há muito tempo" retorquiu o autarca, com Dulce Pinheiro a lembrar que a democracia "é muito bonita para quem a sabe praticar" e a aconselhar o autarca a acalmar-se. "Isso faz-lhe mal à saúde. Devia tomar um chá antes de vir para cá".
(Notícia completa na edição papel)