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Há cada vez mais filhos que batem nos pais

2011-03-09

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Violência contra idosos cresce no distrito.

O número de denúncias de violência doméstica, tal como de violência contra idosos no distrito, tem vindo a aumentar na área de acção da GNR. Na grande maioria dos casos em que os mais velhos são agredidos, o agressor é filho das vítimas.
João Pimparel, comandante do destacamento da Covilhã, não tem uma explicação categórica para o aumento deste tipo de participações, que considera poderem dever-se à maior sensibilização e alerta para o problema e ao facto de em 2007 a legislação ter mudando, tornando a violência um crime público, denunciável por qualquer pessoa que tenha conhecimento de uma situação, sem que tenha de ser a vítima a fazê-lo.
Em 2010, no distrito de Castelo Branco, das 364 queixas recebidas, 60 eram relativas a violência contra pessoas idosas e em 68 casos as vítimas são pais dos agressores. João Pimparel sublinha que, devido ao contexto, por ocorrer no seio da família, e devido à ambivalência da relação afectiva, a abordagem ao assunto é dificultada, mas o tenente apela a que quem sofre com o problema não se cale, pois só assim o poderá travar.
Nas situações em que os idosos são agredidos pelos próprios filhos, João Pimparel salienta que a quase totalidade dos casos está associada a problemas de alcoolismo, toxicodependência ou perturbações psicológicas. "É difícil para um pai que criou o filho, que lhe deu educação, depois denunciá-lo, expô-lo", frisa o militar. Porém, verifica-se que só fazendo isso as pessoas poderão ter o devido acompanhamento para resolver os problemas que estão na origem da violência contra os pais já idosos.
A pena pode ir de um a cinco anos de prisão, mas João Pimparel salienta que um idoso que denuncie o filho não está necessariamente a mandá-lo para a prisão. "Muitas vezes o problema é resolvido com o encaminhamento e o tratamento, e esse acaba por ser a única forma de esse filho se tratar", realça.
68 filhos agrediram os pais no ano passado
Em 2008 o número de vítimas com mais de 65 anos registadas pela GNR no distrito foi de 41, sendo que em 36 casos o agressor era o filho. Em 2009 esse número subiu para 44 e 51, e no ano passado dos 60 idosos agredidos 68 foram-no pelos descendentes.
Na área de intervenção da PSP, segundo o comissário Celso Barata, a quantidade de denúncias também tem aumentado, embora esta força de segurança prefira não adiantar números.
Os dados foram revelados na passada sexta-feira, 25 de Fevereiro, no Espaço das Idades, que promoveu um debate sobre a "Prevenção da Violência Contra as Pessoas Idosas" com a presença de representantes das forças de segurança, psicólogos e uma assistente social.
Hugo Oliveira, psicólogo no Centro Hospitalar Cova da Beira, sublinhou a importância de os idosos valorizarem as suas capacidades e acrescenta que muitos dos casos que lhe chegam não são por iniciativa própria das vítimas, mas denunciados pelos técnicos de saúde com quem trabalha. "É um ciclo vicioso. Os agressores aproveitam-se da proximidade para não ser feita queixa, o que faz com que algumas situações nos cheguem tardiamente", refere o psicólogo.
Paula Moura, assistente social na mesma unidade hospitalar, acentua que a maioria dos casos sinalizados são de negligência e auto-negligência, idosos que se isolam ou não têm quem lhe assegure os cuidados". A técnica elogiou o Espaço das Idades, que vê como um exemplo do que pode ser feito na área da prevenção. "Os idosos devem utilizar as suas capacidades em actividades que dignifiquem a sua existência", recomenda Paula Moura.



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Local Covilhã

Palavras-Chave
Violência / idosos / Pimparel / casos / João / filho / vítimas / distrito / pais / pessoas

Entidades
João Pimparel / Celso Barata / Hugo Oliveira / Paula Moura / GNR

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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