Até final do mês, empresários da região esperam ter estudo socioeconómico da região para apresentar ao Governo.
Até ao final do mês o movimento Empresários pela Subsistência do Interior espera ter concluído um estudo com dados sobre a região para apresentar ao Governo, com vista a fazer o executivo de José Sócrates recuar na decisão de implementar portagens na A23 e A25.
O grupo reuniu na passada quinta-feira, dia 3, na Covilhã, cerca de 50 empresários com negócios entre Viseu e Abrantes que receiam as consequências das portagens, anunciadas para Abril. No encontro marcaram também presença as principais associações empresariais e comerciais, que representam milhares de associados.
Desemprego, desinvestimento e desertificação são o cenário que o grupo vê no horizonte, caso a medida seja implementada.
Segundo Luís Veiga, juntamente com António Ezequiel e Ricardo Fernandes representantes do movimento, os empresários no encontro mostraram-se preocupados em relação ao futuro das empresas e consideram inevitável reduzir a produção, despedir e abater viaturas, por terem de passar a fazer menos rotas. "Há uma incapacidade de os clientes absorverem esses custos, e as empresas que não conseguirem reflectir o preço das portagens no preço terão de despedir", alerta Luís Veiga.
"O Governo tem claramente de reavaliar esta situação", sublinha Veiga. "Medidas deste género vão claramente criar mais desemprego no Interior, depois não digam que não avisámos", frisa. "Estamos a falar da ruína de muitas empresas do Interior", destaca o administrador do grupo IMB.
Neste momento o grupo diz ter a trabalhar no processo uma estrutura administrativa para fazer ver ao Governo, com números e dados reais, que se trata de uma decisão "injusta". "É uma decisão injustificada que tem de ser reavaliada face às circunstâncias em que vivemos no Interior", defende Luís Veiga.
"Consequências socioeconómicas vão ser dramáticas"
António Ezequiel, que na sua empresa de distribuição de produtos alimentares teria custos mensais acrescidos superiores a cem mil euros, salienta que "as consequências sócioeconómicas vão ser dramáticas". "As condições que nortearam a introdução de portagens mantêm-se e agravaram-se", acentua, que para além dos índices de desenvolvimento da região sublinha não existirem alternativas.
"A scut da Beira Interior é o instrumento de trabalho de muitas das empresas da região, ela foi desenvolvida para isso", acrescenta Ricardo Fernandes, que alerta para as cláusulas indemnizatórias que o Estado terá de pagar às concessionárias se o tráfego for abaixo do previsto, com os encargos que isso representará para o erário público.
Luís Veiga recordou ainda "as várias vezes que o primeiro-ministro disse que a A23, A25 e A24 nada tinham a ver com as do Norte, elas são um instrumento de desenvolvimento". "Lamentamos que sobre pressão de um outro partido, pressionado pela aprovação do orçamento do Estado, se tenha precipitado nessa decisão", continua Luís Veiga.
Questionado sobre o porquê de só agora, a dois meses da implementação das portagens, tomarem uma posição, o empresário salienta que "vais vale tarde que nunca. "É sempre oportuno". Ricardo Fernandes acrescenta que estavam à espera do resultado nas providências cautelares interpostas no Norte do País. Para além disso, sublinha que os empresários da região não esperavam que o fim das scut fosse avante na região, dadas as assimetrias regionais e as características da Beira Interior.
Durante o encontro os empresários dizem terem recebido um telefonema do presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Carlos Pinto, a solidarizar-se e a prometer tomar uma posição pública sobre o assunto proximamente.
Em comunicado, a Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, A24 e A25 saúda a iniciativa tomada pelo movimento Empresários pela Subsistência do Interior, que estes agradecem e retribuem.
Autor
Ana Ribeiro Rodrigues
Palavras-Chave
Interior / estudo / Veiga / Empresários / portagens / Luís / região / apresentar / Governo / José
Entidades
José Sócrates / Luís Veiga / António Ezequiel / Ricardo Fernandes / Veiga
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original
Intenção manifestada por Carlos Pinto...
Estudo dos empresários aponta para o fecho de 6800 empresas...