Desertificação: um problema do distrito

2011-02-02

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Meia centena de pessoas debateram futuro do distrito.

Cerca de meia centena de personalidades de vários sectores naturais do distrito da Guarda debateram no passado fim-de-semana soluções para o desenvolvimento de uma região que na última década "perdeu cerca de dez por cento da população".
No encontro, promovido pelo Governo Civil da Guarda, participam Pinto Monteiro, procurador geral da República, Manuel Braga da Cruz, reitor da Universidade Católica, Carlos Matias Ramos, bastonário da Ordem dos Engenheiros, entre outros naturais da região que desempenham funções de relevo a nível nacional.
A jornada de reflexão que tem por tema "Ai muito me tarda… (Que posso eu fazer pela Guarda?)" pretendeu "obter o contributo que cada participante pode dar em prol do distrito", segundo o governador civil, Santinho Pacheco.
Os trabalhos começaram com uma "Radiografia do distrito", por Gonçalo Poeta, vice-presidente do Instituto Politécnico, que fez a fotografia actual e apontou desafios para o desenvolvimento dos 14 concelhos. Gonçalo Poeta refere que a Guarda tem 169 mil habitantes e emprega cerca de 85 mil pessoas, mas, na última década, "perdeu cerca de dez por cento da população". "Alguns concelhos perderam metade da população desde a década de sessenta" do século passado, exemplifica. O responsável alertou os presentes para a necessidade de serem "repensadas soluções" para inverter a desertificação humana, potenciando recursos endógenos, como o património natural e edificado. Admite que a Guarda tem uma boa localização geográfica, mas tem fraquezas, como "baixo poder de compra, encerramento de empresas e consequente aumento do desemprego".
O procurador geral da República (PGR), Pinto Monteiro, natural de Porto de Ovelha, Almeida, quando confrontado pelos jornalistas sobre que contributo poderá dar para o desenvolvimento da região, respondeu que "o PGR não tem uma magistratura de influência para ajudar ao desenvolvimento da terra". Considerando que "não há nenhuma receita milagrosa" que promova o desenvolvimento do território de onde é natural, reconheceu que é possível tirar proveito das boas vias de comunicação, da gastronomia e do queijo da Serra da Estrela. Pinto Monteiro mostrou-se preocupado por verificar que a aldeia onde nasceu e viveu até aos quatro anos tem hoje "oito famílias".
O antigo secretário de Estado Castro Guerra, natural de Valhelhas, Guarda, também presente no encontro, assumiu que o problema que se coloca à Guarda é "como aumentar a sua atractividade", para que possa "atrair mais pessoas e mais capitais". Desafiou as câmaras a trabalharem em rede na promoção dos territórios e aconselhou as empresas a produzirem "para um mercado mais amplo".