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Modernices quaresmais

2011-04-13

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Não entrámos em quaresma politiqueira, nem pouco mais ou menos, e disso dão-nos conta as letras garrafais dos periódicos e as vozes de outros meios que nos absorvem o tempo e as mentes.
Eis-nos em Abril, das águas mil ou, mais modernamente, das bocas mil. Um daqueles meses que, há quase uma quarentena, nos trouxe coisas que jamais deveremos esquecer e que convém historicamente explicar e recontar aos que vieram à vida depois disso. Lembrar aquela gente que numa noite de vinte e quatro para vinte e cinco não pregou olho, assim como já não pregava em muitas outras noites em que se uniam em planos, em estratégias que seriam tónicos para dar outra forma de vida às vidas será o mínimo que poderemos fazer para nos situarmos neste nosso tempo e no lugar certo que nos cabe. O que parecia um sonho transformou-se em realidade, realidade que colocou nas ruas gargantas que não se cansavam de gritar liberdade e braços que se erguiam com dedos em forma de V. É bom lembrarmo-nos desses momentos que nos deram voz e daqueles que tudo fizeram para sermos o que hoje somos, com defeitos e virtudes, dizendo o que temos a dizer sem medos e sem olhares desconfiados. Respeitemos esse tempo e essa gente.
Estamos em plena Quaresma e, no ano em curso, as festividades do 25 de Abril vão condizer com aleluia com que vai culminar o período quaresmal, caracterizado pela renúncia, pelo jejum, pela abstinência, pela tolerância. Deve ter sido por isso que Sua Ex.ª o Senhor Presidente da República aceitou o pedido de demissão do Chefe do Governo, estimado conterrâneo que bem conhece avenidas, ruas e becos da nossa Cidade e Concelho. Não entrámos em quaresma politiqueira, nem pouco mais ou menos, e disso dão-nos conta as letras garrafais dos periódicos e as vozes de outros meios que nos absorvem o tempo e as mentes. Por tudo o que se vai ouvindo, não há confissão que possa perdoar as queixas, bocas e ameaças que vão sendo proferidas em virtude de certos descomandos de que nem todos se podem queixar e da falta de entendimento entre agentes que deveriam unir-se em horas difíceis e de reconhecido sentido patriótico. Razão tinha um superior eclesiástico para aconselhar um dos nossos primeiros neste período quaresmal: meu irmão, por favor, –"não PEC".
Assim se deu por consumada tão profunda recomendação. O resto logo se verá e a cinco de Junho estaremos mais perto do S. João do que da Quaresma. Preparem-se já os rosmaninhos porque o arraial vem aí e o baile ainda não começou.



Autor
sérgio gaspar saraiva

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
disso / Eis-nos / tempo / quaresma / Abril / vida / Modernices / modernamente / quaresmais / águas

Entidades
Chefe do Governo / Modernices / 25 de Abril / Abril / Quaresma

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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