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Senhor Primeiro-Ministro, o comboio

2011-12-21

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Senhor Primeiro-Ministro, e porque não extinguir a CP e apresentar ao País uma estrutura decente, que mereça respeito e respeite os portugueses.

Pode uma região ter auto-estrada e linha férrea e as empresas e os cidadãos sentirem-se cada vez mais isolados?
O Estado Português está prestes a conseguir este feito universal de ter a Covilhã e a região dotadas de infra-estruturas de transportes e, ao mesmo tempo, tomar decisões que arrasam qualquer incentivo à sua utilização.
Avançaram as portagens cujo custo/km só por si, revela que o conceito de equidade inter-territorial, esteve ausente da acção política de quem as decidiu. Não lembrava ao diabo, mas lembrou ao autor fixar tarifas mais caras para fazer quilómetros na A23 que na A1, obtendo este bonito resultado, que é o de alguém viajar de Lisboa à Covilhã e pagar tanto em portagens como paga para dormir uma noite num hotel de quatro estrelas. Ao mesmo tempo que em voo low cost, já se pode viajar de avião entre cidades capitais da Europa, pelo mesmo custo da portagem para a região.
Mas pensar-se-ia que quem toma tais medidas, olhava para o comboio em alternativa, e multiplicava a oferta de opções quer em horários e conforto, quer em ligações directas/expresso ferroviário, que permitisse o incremento da utilização deste transporte, para Norte e para Sul. Puro engano. Passados anos de trabalhos na "modernização" da via férrea - mais uma anedota contada pelo impagável anterior governo - vai-se conhecer o que daí resultou e a resposta é nada. Não se obtiveram benefícios para a região de tais investimentos e o que antes existia e que era pouco, passou a nada. Para Norte não há comboio. A Linha da Beira Baixa inaugurada por D. Carlos encolheu e fica-se em plenitude por Castelo Branco, esse universo urbano de um "milhão" de habitantes e que gerará passageiros aos "milhares", mobilizando assim a CP para o serviço à altura desta "realidade". Para a Covilhã e para a Guarda que, segundo os mapas de parede da CP não existem, tomem lá um servicinho que cumpra os mínimos na missão patriótica de não deixar enferrujar os carris.
Pode-se chamar a isto uma empresa, ou trata-se apenas de um ultraje ao País, um ajuntamento de incompetências políticas e de nulidades operativas bem pagas, mas que dão um prejuízo de cinco milhões de euros por dia? E alguma vez se revisitaram os rostos de quem tomou estas decisões nas administrações e nos governos sempre pomposamente apresentados como preclaros Secretários de Estado e Ministros especialistas em Transportes? Que bênçãos especiais caídas dos céus terão os responsáveis dos transportes por essa Europa fora, que sejam inacessíveis aos amesantados da CP, Europa que quando encarece uma opção de transporte, dá alternativa pelo comboio, sendo impensável imaginar o transporte ferroviário, separado do quotidiano dos espanhóis, dos franceses, dos belgas, dos ingleses?
Enquanto isto, os mesmos que nos governaram durante treze dos últimos dezasseis anos, encheram os discursos com parábolas socialistas sobre a vantagem das energias limpas, protocolos do Rio, redução de emissões poluentes e treta avulsa conhecida, até nos entregarem à ditadura financeira da estranja e nos deixarem esta triste realidade que é termos linha férrea e não haver comboio.
E repare-se no caso da Covilhã. Às vezes trazem o argumento de que não há passageiros, o que constitui pura aldrabice. O ano de 2011 fechará com cerca de 155 autocarros/expressos/mês, para o percurso Covilhã/Lisboa, num total de 12 000 passageiros/mês, 140 000/ano. Sabendo-se que o comboio de qualidade pode oferecer outro conforto e qualidade, imagine-se o que seria termos oferta à altura deste universo. Para lá do tráfego comercial e do tráfego de particulares. Mas a CP dorme sobre estas realidades e não há quem a acorde.
Há dias, o actual Secretario de Estado dos Transportes disse-me que a linha para a Guarda constitui preocupação 2013/2020 e é verdade que senti no governante, uma genuína vontade de valorizar o comboio, como acontece na Europa. Mas a questão é outra. Depois de três Quadros Comunitários de Apoio, do actual QREN e de cerca de 100 biliões de Euros que já lá vão, vêm dizer-nos que esperemos para depois de 2013? É certo que não devemos deitar fora a esperança e o entusiasmo jovial do governante, mas a questão já se situa noutro plano.
Senhor Primeiro-Ministro, e porque não extinguir a CP e apresentar ao País uma estrutura decente, que mereça respeito e respeite os portugueses. e, neste caso, esta parte do País e dos cidadãos que aqui vivem? Andaria avisado, talvez até a troika gostasse de ver acabar uma indigência empresarial do Estado e quem sabe o comboio regressasse ao dia-a-dia dos portugueses.



Autor
Carlos Pinto

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
comboio / Covilhã / País / região / Estado / Europa / transportes / linha / mesmo / Senhor

Entidades
Senhor Primeiro-Ministro / D. Carlos / CP / País / Estado Português

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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