Milton marca golo salvador aos 94 minutos.
Foi sofrer a bom sofrer. O Sporting da Covilhã esteve, no passado domingo, 29 de Maio, virtualmente despromovido durante cerca de 15 minutos. O tempo que mediou o golo do Varzim, em Oliveira de Azeméis, aos 79 minutos, e o tento salvador do covilhanense Mílton, aos 94 minutos, frente ao Aves. Que provocou uma explosão de alegria tal que os adeptos não se conseguiram conter e acabaram mesmo por fazer uma pacífica invasão de campo. Não era caso para menos, tal foi o jogo, impróprio para cardíacos.
Os leões, com quatro importantes ausências (Fofana, Wagnão, Abdoulaye e Jason), apresentaram um onze inédito esta época, com algumas adaptações (como Flávio a central), mas que se portou muito bem, exibindo em largos períodos de tempo muito bom futebol, pouco vulgar para quem estava com a corda na garganta. O Covilhã entrou muito bem na partida, e ameaçou logo por duas vezes, nos primeiros quatro minutos, com remates de Vouho e Vasco Varão, que não levaram a direcção desejada. O Aves, que também jogou ao ataque, não facilitou e Lourenço (um dos melhores em campo), aos cinco minutos, ameaçou com um grande tiro fora da área, que passou pouco por cima da baliza de Serginho. Aos oito minutos, o mesmo jogador, com mais um grande tiro, proporcionou grande defesa ao guardião covilhanense. Do outro lado, aos 12 minutos, também Rui Faria se exibia a bom plano, detendo um cabeceamento de Rincón. Dois minutos depois, Amessan, após remate de Vouho, introduz mesmo a bola na baliza do Aves, mas o árbitro Duarte Gomes anula por indicação de fora de jogo dada pelo auxiliar. Aos 23, após boa jogada de entendimento entre Vasco Varão, Vouho e Amessan, este remata para uma grande defesa de Rui Faria. Aos 37, é Dani, de livre, que atira ao lado, e aos 41, mais um lance que deixa dúvidas. Uma bola na área do Aves que Vouho recebe. E quando se tenta virar para rematar, parece ser agarrado. Um lance passível de grande penalidade, mas que Duarte Gomes mandou seguir. Em cima do intervalo, o Aves quase marcou. Um canto na direita, com Lourenço, ao primeiro poste, a desviar de cabeça, com a bola a passar um tudo ou nada desviada da baliza de Serginho. Ao intervalo, o nulo era penalizador para o Covilhã, pelas oportunidades que tivera, embora o Aves também tivesse disposto de algumas ocasiões.
Mílton: de vilão a herói
No segundo tempo, o Covilhã entrou… a desperdiçar. Logo aos 46 minutos, Vouho, liberto de marcação, na grande área, falha o remate e atira por cima da baliza contrária. Na resposta, o Aves quase marca. Um grande tiro, a mais de 30 metros, por parte de Lourenço, com Serginho a fazer defesa de recurso, para a frente, e Tozé Marreco, na recarga a proporcionar segunda defesa do guardião serrano, que fez uma grande exibição. Até aos 65 minutos, o Covilhã carregou, teve bons remates nos pés de Amessan e Rincón, mas aos poucos começou a perder gás. Aos 70 minutos, Serginho voltou a ser vital para o Covilhã, ao defender um livre muito bem apontado por Pedro Pereira e, aos 79 minutos, o muito público que estava no Complexo ficou mudo. O Varzim acabava de marcar em Oliveira de Azeméis, o que complicava a tarefa dos serranos, que não conseguiam chegar ao golo e que o tentavam fazer com um futebol de paciência, com muita circulação de bola, em que alguns passes lateralizados ou atrasados valeram mesmo assobios àquele que se viria a tornar o herói da tarde: Mílton. De facto, nascido, criado e formado no Covilhã, o atleta é muitas vezes visto pelos adeptos como uma espécie de "patinho feio" da equipa, mas a verdade é que acabou por ser decisivo.
Aos 86 minutos, o Covilhã reclama nova grande penalidade, num remate à queima de Bruno Severino, que bate num defesa contrário, e nos últimos minutos, com muito futebol directo, já com o jovem Amian no ataque, o Covilhã carrega sobre a defesa contrária, com o tempo a passar e os nervos a acumularem-se. Placa de descontos mostrada com apenas quatro minutos e muitos a já não acreditarem. E aos 93, o Covilhã ganha um livre frontal, que Bruno Severino aponta muito bem, mas que Rui Faria defende, com grande qualidade, para canto. Severino fica no chão, com as mãos na cabeça. Mas há ainda um canto. Amessan pega na bola, bate curto, Ivo Pinto cruza para a área, onde está Serginho que acaba por ter influência ao saltar com a defesa contrária e tocar a bola de cabeça, que sobra para Mílton, que na área, de ângulo muito apertado, remata de primeira e faz golo. Era o delírio, com equipa técnica e suplentes a entrarem em campo para festejarem a manutenção. A bola ia ao meio terreno e Duarte Gomes apitava para o final da partida. O Covilhã, tal como no ano passado, voltava a safar-se na última ronda.
Autor
João Alves
Palavras-Chave
Covilhã / minutos / Aves / Vouho / Serginho / bola / defesa / Milton / sofrer / Mílton
Entidades
Milton / Mílton / Fofana / Wagnão / Abdoulaye
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