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Portagens: o mal de uns é o bem de outros

2011-12-21

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Há negócios na Nacional 18 que aplaudem o regresso do tráfego automóvel.

Já diz o velho ditado: o mal de uns acaba, quase sempre, por ser o bem de outros. Pois bem, pode-se dizer que a implementação de portagens nas ex-SCUTs (A23 e A25), na região, criou uma onda de descontentamento que juntou utentes, empresários e autarcas. Mas por outro lado, há neste Interior despovoado quem esteja bem satisfeito com esta medida. É o caso de pequenos negócios ao longo da Estrada Nacional 18, que viram nas últimas duas semanas o tráfego automóvel aumentar e assim potenciais clientes a passaram à porta das suas lojas, cafés ou gasolineiras.
O NC, na passada sexta-feira, 16, de manhã, fez-se à estrada. À antiga, porque a nova é a pagar. E procurou junto destes empresários saber qual a opinião deles quanto às portagens. Surpresa: para eles, a melhor coisa que poderia ter acontecido.
O trânsito é muito ao longo da estrada. Primeiro ponto de paragem: Ginjal, em Belmonte. Metemos gasóleo nas bombas da Galp, da família Morais. A dona Piedade, sócia-gerente da gasolineira, logo nos acolhe com simpatia e pergunta quanto queremos. "São 10 euros de gasóleo" respondemos. Para depois explicar que queremos falar com ela sobre o assunto do momento: portagens. "Poças, começamos a ficar populares" solta, já que também na semana anterior outros órgãos de comunicação social por ali tinham passado. Perguntamos se notou aumento de tráfego nas duas últimas semanas, na Nacional 18. "Então, pois claro. Logo ao segundo dia era um trânsito terrível" afirma. Para esta empresária, as portagens na A23, "pessoalmente, foram muito boas para mim. É mau para uns, é bom para outros. Para nós, mais clientes. Aqui o restaurante ao lado também tem notado mais gente" assegura. Piedade lá vai dizendo que pagar mais uma taxa "não é bom", pois quem é obrigado a passar todos os dias na Auto-Estrada da Beira Interior "tem agora uma renda", mas no seu caso vai lucrar com esta medida. "Eu, se tiver de ir a algum lado, vou pelas nacionais" assegura, lamentando, porém, que estas não disponham, como em outros tempos, de sinalização para os condutores que indique onde está um posto de abastecimento de combustível. "Se colocam portagens na A23, a nacional tem que estar em boas condições e deve ter esse tipo de informação. Já não é a primeira pessoa que aqui pára e que diz que fez quilómetros à rasca com o medo de não haver nenhuma bomba de gasolina nas proximidades" afirma.

Recordar atropelamentos

Seguimos em frente. Paramos na Gaia. Há pouca gente. Apenas um café que agora, em letreiros bem grandes, explica que está "aberto". Abordamos pessoas. Poucas aceitam falar. Mas logo uma idosa se aproxima de nós para dizer que agora, "o trânsito faz lembrar antigamente. Mas há muitos mais carros. E aqui é perigoso, porque é uma localidade onde muitas vezes as pessoas passam a grande velocidade" assegura, recordando algumas histórias de atropelos no empedrado que atravessa a Gaia. Seguimos em frente às Vendas da Vela. Há semáforos, há placas a indicarem um limite de velocidade de 50 quilómetros hora. "Isto vai ser mais uma fonte de receita para o Estado. Logo cá vê radares com fartura" vaticina o senhor António.

"Há mais pessoas"

Subimos até à Santa Cruz. Chove, há vento e muito nevoeiro. Trânsito, bastante. Dois camiões à nossa frente. Temos que ser pacientes. A estrada sinuosa e o mau tempo não permitem grandes aventuras, para ultrapassar. A viagem demora bem mais do que se passássemos nos túneis. Temos que nos aguentar. Chegados à Santa Cruz, paramos para tomar um café. Fazemo-lo no Paraíso das Beiras. Um café/restaurante onde a especialidade é o leitão. Ao balcão, Mário. Um jovem que nasceu em França, mas que agora, em Portugal, apostou na restauração. Não tem dúvidas que ali à porta, nas duas últimas semanas, passou muito mais gente. "Sem comparação. Mas passam, mas nem sempre param" assegura, pelo que diz não ter notado ainda grandes diferenças no negócio. De todo o modo, "há mais umas pessoas, mas penso que isso só se vai sentir um pouco mais lá para a frente, quando se começar a fazer contas" afirma. Que, diz, ainda há poucos dias um empresário lhe fez ao balcão. "Disse-me que vinha de Torres Novas até Vilar Formoso, com uma carrinha classe 2. Pagou mais de 50 euros de portagens e teve que encher o depósito com 80 euros. Ou seja, 130 euros. E ainda tinha que fazer a viagem de regresso. São mais de 250 euros. Disse-me que ia passar a utilizar a estrada nacional, senão não aguentava" afirma Mário. Que compara os preços com os que se praticam em França. "Lá, entre Lyon e Paris, que são imensos quilómetros, pagava à volta de seis euros. Não é nada comparado com o que se cobra aqui" afirma, fazendo votos para que "mais gente aqui pare", num negócio que tem ano e meio de vida.

(Reportagem completa na edição papel)



Autor
João Alves

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
Portagens / Nacional / Estrada / euros / afirma / assegura / tráfego / pessoas / trânsito / gente

Entidades
Morais / António / Mário / Nacional / NC

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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