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João Casteleiro faz balanço positivo no CHCB

2011-11-30

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Em entrevista, administrador, que está de saída, diz que Centro Hospitalar hoje tem mais qualidade.
misturar.

Sai com a sensação de dever cumprido?
Sim, estamos numa instituição valorizada, com prestígio entre as instituições de saúde do País como nunca teve. Isso pode ser aferido pelas nossas performances, pelos prémios que temos ganho, pelos contributos que temos dado à saúde. No estudo da revista que faz a avaliação dos hospitais, nós temos ficado sempre entre os primeiros. Aliás, somos o primeiro não considerado hospital central.
Deixa a administração numa situação melhor do que a encontrou?
De certeza absoluta, não tenho dúvidas. Mas a finalidade é nós andarmos para a frente, evoluirmos. Aqui há anos tínhamos uma saúde terceiro-mundista, hoje temos uma oferta de serviços de qualidade. As únicas técnicas complementares eram o laboratório e o raio-x. Hoje temos uma panóplia de meios complementares de diagnóstico, temos uma quantidade e qualidade de profissionais de saúde. Naturalmente que esta evolução permite-me dizer que nunca estivemos a trabalhar com tanta qualidade como neste momento. Não é fruto do meu trabalho, porque não há méritos individuais. A nossa instituição tem tido uma progressão contínua. Temos melhorado de ano para ano. Por isso posso dizer que estamos melhor do que estávamos. Caminhámos em quantidade e em qualidade.
"Passámos de um passivo de 13 milhões para 500 mil"
Reduziu o passivo em 13 milhões. Isso foi feito sem sacrificar os cuidados prestados?
Até ao fim de 2010 passámos de um passivo de 13 milhões para 500 mil, mas melhorámos a qualidade e o número de serviços. E até aumentámos serviços onde se gasta mais. Criámos uma unidade nova de infecciologia no Fundão, criámos a unidade de reumatologia. São das unidades que mais dinheiro gastam, mas sabemos que é um factor de qualidade que evita viagens aos utentes
Em que é que cortou?
Conseguimo-lo com rigor, este conselho de administração faz um acompanhamento diário de todas as actividades do hospital. E naturalmente tomando medidas que vão produzir resultados, diminuir o que não é essencial: o consumo de energia, criar sistemas para reduzir consumos de água quente, os furos para diminuir os consumos de água. Mas não só. É fundamental todos os profissionais terem a cultura de gastar quando é preciso e poupar quando não é. Agora, há coisas em que não se pode cortar. Não podemos ter só preocupações de gastos, porque assim a unidade de reumatologia não a queríamos cá, por sabermos que vamos gastar mais dinheiro. A procriação medicamente assistida é outro exemplo.
Há rumores de serviços que ficam à noite só com um enfermeiro. A assistência adequada está assegurada?
Não há nenhum serviço que fique apenas com um enfermeiro. Há rácios que existem em relação aos profissionais e em relação ao número de camas e de doentes e posso-lhe dizer que o nosso hospital é o que tem melhores rácios na zona centro. Isso dá uma ideia do cuidado que nós pomos na assistência.
"Caminhámos muito em pouco tempo"
O que lamenta não ter concretizado?
Felizmente há coisas que podem ser feitas de outra forma e até melhor. Admito isso. Não há nada em especial que diga que não foi feito, porque nós queremos sempre muito, mais que o que temos. O desejo de quem dirige é que o hospital fosse auto-suficiente em tudo, mas sei que isso não é possível no País que temos, em que tem de haver complementaridade entre os hospitais. Temos de ter a noção de que caminhámos muito em pouco tempo. Atingimos níveis de qualidade em tão pouco tempo que não conheço outra instituição no País que o tenha feito desta forma.
Justifica-se a criação de mais alguma valência?
As valências têm de ser sempre em função da planificação do próprio País. Nós podemos sempre querer mais, mas tem de haver sinergias. Uma especialidade só se desenvolve se tiver um número de doentes suficiente. Há unidades que nem todos os hospitais podem ter, e aí terá de funcionar o rácio de habitantes. Temos de ter uma massa crítica para acompanhar essa população.
Está prevista mais alguma?
Nós podemos sempre estender-nos, mas há que haver aqui solidariedade com as outras instituições. Não podemos querer açambarcar tudo e os outros não terem nada. Tem de haver uma planificação do próprio País. A questão é que a instituição tem de ter capacidade para fazer com que as especialidades se cimentem, através do desenvolvimento com outras especialidades, ter profissionais e uma população que necessite do serviço.
"O CHCB praticamente duplicou em dez anos o número de médicos"
O coordenador do Agrupamento de Centros de Saúde fala na possibilidade de criação de uma Unidade Local de Saúde. Acha que é a melhor solução?
Não é uma má solução, não discordo. Há muito que disse que temos melhores condições para isso acontecer que com as ULS que nos rodeiam, porque os CS da nossa área têm uma relação muito mais forte como hospital, trabalhamos juntos há muito mais tempo. Não estou a dizer que se crie. Não discordo, no sentido de haver uma maior aproximação, apesar de termos uma aproximação muito grande.
As sinergias com a FCS estão a ser rentabilizadas ao máximo?
Estive na criação quer do hospital quer da faculdade, com muitas outras pessoas. O objectivo é trazer profissionais para o Interior e isso está perfeitamente conseguido. Não entendo é como dizem que os profissionais não ficam cá. Não podem ficar, porque as faculdades que existem têm de criar profissionais para todo o País.
Mas já se queixou que os jovens médicos não se fixam porque não abrem vagas da especialidade?
Os jovens médicos conseguem-se fixar criando vagas de especialidade, mas mesmo assim, enquanto não houver uma obrigatoriedade de uma distribuição uniforme pelo País e as pessoas puderem ficar todas em Lisboa, Porto e Coimbra, naturalmente há mais dificuldade em as pessoas virem para cá. Os colégios das especialidades é que têm de criar mais especialidades nestes hospitais,
As vagas aumentaram. Ficou satisfeito com a quantidade atribuída este ano?
O CHCB praticamente duplicou em dez anos o número de médicos que tinha, não somos dos hospitais com maior razão de queixa. Poucas instituições deram um salto tão grande. É preciso criar especialidades, mas com consistência.
Dessas 19 vagas, quantas são preferenciais? Quantas vão obrigar os médicos a ficar depois da formação?
A capacidade de atracção depende mais das condições que se dêem às pessoas que das vagas que se criam. Se a instituição tiver boas instalações, bons profissionais, tiver administrações que entendam as pessoas e lhes dêem acompanhamento, se as estruturas da cidade acompanharem tudo isto. Isso é que é fundamental. É dessa forma que temos motivado os nossos colegas a virem para cá.

(Entrevista completa na edição papel)



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
País / qualidade / saúde / profissionais / Casteleiro / Hospitalar / hospital / especialidades / unidade / haver

Entidades
CHCB / João Casteleiro / Unidade Local de Saúde / FCS / Centro Hospitalar

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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