Vai sendo tempo de aprender com a história. Os tempos são de fim de festa e exigem sérias mudanças.
A nossa história está cheia de troca-tintas que se habituaram a viver à custa das facilidades do sistema. Sempre andamos de costas voltadas para a boa prestação de contas e por isso estamos hoje "TroiKados". Responsáveis não vale a pena procurá-los porque nunca existiram. Sempre se gastou o que tínhamos e o que não tínhamos. Nos últimos anos abusou-se e agora vamos pagar pela medida grande e fazer o que nos mandam pois, se não cumprimos, aí sim, estamos bem tramados.
O arco Troikista assinou o tal memorando que nos morde diariamente. Alguns têm tentado dar a volta ao texto e falam em reservas e em interpretações para tornar a dentada mais a gosto enquanto outros aconselham o calote. A realidade é que ao longo dos tempos inventamos expedientes para governar as conjunturas. D.João V sacou do Brasil o que pode em ouro e diamantes para o real orçamento. O festim do despesismo, então no sec.XVIII, era de tal forma notório que um tal Pietro Viganego, genovês, mercador e nobre, fazia notícia do acontecimento. Dom Pietro era um ilustre analista da conjuntura reinante e disso dava conta à corte de França. Nesta sua douta profissão escrevia sobre o contexto da época:"não há autoridade, cada um trata apenas de fazer fortuna, tudo se faz por dinheiro, o mais esperto é aquele que melhor sabe pilhar".E como comentário final acrescentava a.." penúria financeira do reino".
D.João VI tem também uma história para recordar. Construía-se o Convento de Mafra e Sua Alteza encomendou um carrilhão coisa que na altura era um verdadeiro luxo. O fornecedor fez saber que o preço era muito elevado. D.João VI manifestou o seu poder e nada preocupado com a despesa, ordenou que se comprassem dois..! Os actuais "carrilhões" chamam-se PPP, parcerias público-privadas, Empresas Públicas, Empresas Municipais, Fundações e outras invenções excessivas, com custos impossíveis. Passaram muitos anos, mas a mentalidade despesista continuou na mesma. Nos últimos seis anos criaram-se cerca de 50 "parceriazinhas" que poderão vir a hipotecar as futuras gerações em cerca de 60 mil milhões de euros. Na Madeira a festa da despesa continua sem limites e sem respeito pela actual situação do País. De facto, a actual penúria foi acontecendo e alastrando perante a passividade de muita gente bem instalada no poder e nos bancos do sistema. Vale a pena recordar que, em Junho de 1892,o governo monárquico decretou a bancarrota parcial depois de uma terrível crise financeira. Vai sendo tempo de aprender com a história. Os tempos são de fim de festa e exigem sérias mudanças. Todavia, de expectativa em expectativa, continuamos com mais do mesmo, isto é, impostos de longos "passos" e despesas públicas com "portas" demasiado fechadas. As contas continuam a ser apresentadas aos mesmos. Esperava mais nobreza de espírito dos dirigente públicos e privados. Não há mais espaço para "troika-tintas". Agora, é cumprir as nossas obrigações e com sentido de justiça recuperar a confiança.
Autor
José Vicente Ferreira
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
história / tempos / D.João / festa / tempo / Pietro / Empresas / estamos / Troika-tintas / tínhamos
Entidades
D.João V / Pietro Viganego / Dom Pietro / D.João VI / Fundações
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