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Casa da Covilhã tenta reerguer-se

2011-02-16

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Longe vão os tempos em que a Casa da Covilhã em Lisboa tinha fama de organizar das melhores noites de fados da capital.

Longe vão os tempos em que a Casa da Covilhã em Lisboa tinha fama de organizar das melhores noites de fados da capital., em que os serões terminavam depois do sol nascer e a associação emanava vitalidade.
Na rua de um só sentido, entre o Martim Moniz e o Intendente, onde por vizinhança tem as inúmeras lojas a anunciar os sabores do Nepal, do Bangladesh, as roupas indianas, os artigos chineses ou as chamadas de telefone a preços acessíveis para Marrocos e outros destinos, a Casa da Covilhã passa agora despercebida.
O lustro do edifício foi-se perdendo, à imagem do que aconteceu com a agremiação de covilhanenses e outros sócios da região, agora a tentar reerguer-se, com uma nova equipa, após anos de crise.
Só um olhar mais atento, em direcção ao segundo andar, permite identificar a discreta placa azul, pendurada na varanda, onde está escrito Casa da Covilhã. Dos três mastros, apenas num esvoaça uma bandeira, a de Portugal. Subidas as escadas de madeira, sombrias, entra-se na colectividade, onde uns antigos esquis verdes remetem para as origens dos sócios da Casa da Covilhã, fundada há 87 anos.
É no salão principal, a que em Maio de 2004, aquando da sua reinauguração, foi dado o nome do actual presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, que estão as outras duas únicas referências à Cidade Neve: a bandeira do município, pendurada numa das extremidades, e um quadro que reproduz a zona do Pelourinho. Não resta mais nenhum sinal visível do concelho covilhanense nesta casa regional, que para além do salão tem ainda um bar, uma sala onde funcionava um restaurante, uma sala de jogos, outra destinada à leitura dos jornais, nomeadamente os dois que chegam por correio da região, e uma pequena biblioteca, com volumes antigos.
Ameaça de uma acção de despejo
"Há 30 anos, quando estive na direcção, dizia-se que a Casa da Covilhã era dos sítios onde se comia melhor, mais barato, comida da região e servida por doutores", graceja António Vicente, há dois meses presidente da colectividade, referindo-se aos colegas estudantes ou recém-formados que ajudavam a dinamizar o espaço. "Agora encontrei a Casa da Covilhã numa situação negra. Fiquei chocado, porque sabia o que era isto, o movimento que tinha noutros tempos", frisa.
Em Maio de 2004 foram feitas obras de beneficiação, apoiadas pela edilidade covilhanense, no apartamento. A inauguração foi um momento de festa, com a presença de elementos da autarquia e a participação de grupos do concelho, mas depois começou o declínio. Da última direcção, segundo os actuais responsáveis, apenas um mantinha a actividade da colectividade, reduzida ao mínimo. António Vicente diz que apenas se jogava de vez em quando, à tarde, um jogo de cartas.
Depois da assembleia geral de Novembro, em que foi constituída uma comissão de gestão, os seus elementos foram informados sobre a acção de despejo que pendia sobre a Casa da Covilhã, com a proprietária a alegar que as instalações não estavam a funcionar com a finalidade para que tinham sido alugadas. Em Dezembro a nova direcção tomou posse e diz estar agora a tentar revitalizar o espaço.
As diligências para solucionar o contencioso com a senhoria foram inicialmente a principal preocupação. Depois de negociações que não chegaram a bom porto, o assunto está agora entregue ao tribunal. A prioridade passa pela reorganização da associação e o pagamento das dívidas. "Elas existem e a luta é grande para as pagarmos", frisa António Vicente. Assim que possível, pretendem iniciar outras actividades.
Tornar Casa um ponto de encontro
José Vaz Rodrigues, o tesoureiro, destaca a vontade de organizar com regularidade conferências sobre os mais diversos assuntos e exposições. António Vicente fala na possibilidade de avançar com noites de fados de vez em quando, talvez promover excursões à região. Mas o principal objectivo é fazer com que a Casa da Covilhã seja um ponto de encontro de gente do concelho e arredores a residirem na zona de Lisboa.
Aberta às terças, sábados e domingos, enquanto não é possível alargar aos restantes dias da semana, a colectividade começou a acolher todas as terças um almoço de covilhanenses. "Ainda há dias encontrei cá pessoas que não via há 35 anos", conta José Vaz Rodrigues, que acrescenta que aconteceu o mesmo a outras pessoas, um caminho por onde pretendem seguir. O próximo passo é tentar que os almoços de antigos alunos de escolas da Covilhã que decorre num restaurante ali perto, nas últimas quintas-feiras de cada mês, passe a realizar-se no salão da Casa da Covilhã.
"Queremos ser o elo de ligação entre a Covilhã e Lisboa", refere Luísa Rebelo, a vice-presidente, que, aos 60 anos, é a mais nova do grupo. A ideia, adianta, é tentar que esses covilhanenses tragam outros a estes convívios e através deles chegarem às gerações mais jovens.
Com os arquivos desaparecidos, tal como os ficheiros dos sócios, António informa que está a ser feito um inventariado dos sócios e estão a ser enviadas cartas a apelar aos associados que visitem a Casa da Covilhã e a voltem a frequentar. Os contactos podem ser feitos através do endereço electrónico casadacovilha-lisboa@hotmail.com ou pelos telefones 964016360, 933850299 ou 965743897.

(Reportagem completa na edição papel)



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Local Covilhã

Palavras-Chave
Covilhã / Casa / fama / melhores / capital / António / Vicente / Lisboa / sócios / região

Entidades
Martim Moniz / Casa da Covilhã / Carlos Pinto / António Vicente / José Vaz Rodrigues

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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