Cerca de 250 pessoas contestaram portagens no Pelourinho.
Apesar de juntar na mesma acção um largo espectro de entidades unidas em torno da mesma causa, a manifestação de protesto contra as portagens, marcada para o último domingo, 3, no Pelourinho, Covilhã, não contou com grande entusiasmo por parte da população, que não foi além de cerca de 250 pessoas presentes.
Francisco Miguel, empresário, constatava isso mesmo, quando quem se concentrou na Praça do Município já começava a desmobilizar. "Esperava muito mais gente. Estou surpreendido porque vejo as pessoas a queixarem-se mas depois não se unem e não mostram esse descontentamento onde devem", referia o comerciante na área dos pneus, que antevê uma quebra no negócio, quando as empresas suas clientes começarem a reduzir rotas e a frota.
"Também me admira não ver cá por exemplo nenhum dos meus empregados. Parece que as pessoas ainda não se aperceberam das consequências das portagens. Só vão sentir a crise quando os patrões não tiverem como lhes pagar o ordenado no final do mês", acrescenta Francisco Miguel, indignado com o "comodismo". "Achei pouca gente para causar o impacto necessário para pressionar o Governo", continua.
Indignada com a "injustiça das portagens" numa região que diz já ser penalizada, Deolinda Pais também participou no protesto, que no caso da sua empresa de distribuição representará um custo anual na ordem dos 120 mil euros. "As empresas não têm lucros para suportar esse custo", frisa.
Depois de uma hora de discursos, Deolinda Pais mostrava-se desiludida com a adesão da população. "Esperava mais gente. Acho que isto reflecte o comodismo das pessoas, por isso o País está como está", acentua.
Recuo "só com luta dos autarcas"
Numa tarde fria com o sol a espreitar a espaços, António Mendes veio propositadamente da Erada para a manifestação, por antever o "quão prejudicial as portagens vão ser para a indústria e a população". Para António Mendes a medida que o Governo pretendia implementar até 15 de Abril não é encarada como uma inevitabilidade, sobretudo agora com a queda do Governo e a marcação de eleições antecipadas. "Se o próximo Governo for PS ou PSD muito dificilmente irão recuar, só se a região se fizer ouvir e com a luta dos autarcas", calcula. Mas estranha não ver mais responsáveis políticos na manifestação. "Estava à espera de ver aqui mais autarcas. Onde é que está o do Fundão? O de Castelo Branco, como é elemento da cúpula do PS, agora não aparece", comenta o eradense.
Interesses partidários "devem ficar em segundo plano"
No palco montado em frente à Câmara Municipal da Covilhã estavam vereadores do PSD, os elementos que têm dado rosto ao movimento Empresários Pela Subsistência do Interior, o representante da Comissão de Utentes, o coordenador da União dos Sindicatos de Castelo Branco e a deputada comunista Paula Santos.
Questionado sobre a ausência de mais representantes do poder local, Carlos Pinto, edil covilhanense, desvalorizou. "Gostei de ter cá os que cá estiveram, são os que sentem este problema. Há outros responsáveis que têm motivos para não se constituírem como porta vozes dos interesses mais profundos da região", referiu. "Outros interesses partidários, de conveniência na ligação com os partidos, etc, devem ficar em segundo lugar. Mas cada um faz o seu juízo sobre esta matéria", acrescentou.
Já na sexta-feira Carlos Pinto tinha referido que independentemente de quem venha a ser Governo, manterá a postura. "Sou uma pessoa coerente e não deixo que os partidos se sobreponham aos interesses da região".
Sobre a adesão ao protesto, o presidente da autarquia covilhanense mostrou-se agradado. "Estou muito satisfeito com a composição desta praça imensa, estivemos muito bem representados".
Autor
Ana Ribeiro Rodrigues
Palavras-Chave
Pelourinho / Cerca / Governo / mesma / Apesar / pessoas / portagens / Protesto / Miguel / região
Entidades
Francisco Miguel / Esperava / Deolinda Pais / Recuo / António Mendes
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