Presidente da República defende regresso à agricultura.
A cidade de Castelo Branco foi, durante os dias 9 e 10, palco das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Uma escolha que Cavaco Silva justificou com a intenção de "trazer o Interior para o centro da agenda nacional".
No seu discurso na sessão solene realizada no Cine-Teatro Avenida, no dia 10, o Presidente da República fez a apologia do Interior mas identificou também os seus principais problemas. "Portugal foi-se tornando um País desequilibrado, um território a duas velocidades do ponto de vista da distribuição da sua população", reconheceu Cavaco em alusão ao despovoamento e à desertificação que, diz, "fez com que se perdessem tradições e saberes antigos". Mas o chefe de Estado acredita que ainda se pode inverter a situação e "redescobrir o valor do Interior". Para Cavaco Silva "está na hora de mudar de atitude" e de "desenvolver uma estratégia clara de revalorização deste território, incentivando e apoiando o espírito indomável daqueles que aqui vivem e trabalham". "A geografia não se muda, valoriza-se", defendeu.
Cavaco Silva defende, deste modo, uma discriminação positiva para a faixa Interior do País que inclua benefícios para as empresas que ali se instalem, mas também deixou um apelo às autarquias locais para que saibam "fomentar o espírito empreendedor".
A reestruturação agrícola foi outro dos pontos fortes do discurso presidencial. Cavaco defende uma aposta em culturas diferentes daquelas que são feitas na Europa e assegura que, apesar de Portugal não ter capacidade para ser auto-suficiente, pode produzir o suficiente para baixar drasticamente as importações.
Cavaco Silva terminou o seu discurso com um apelo "à fibra" dos portugueses e com uma mensagem de optimismo no futuro. "Não podemos falhar. É nestas alturas que se vê a alma de um povo", concluiu.
Castelo Branco: "uma cidade exemplar"
Também em Castelo Branco, mas no dia anterior, apelou à ajuda dos emigrantes na recuperação económica do País. Numa mensagem dirigida aos portugueses espalhados pelo Mundo, o Presidente da República pediu a estes "filhos da nação que canalizem o investimento, o talento e o espírito empreendedor" para ajudar o País a sair da situação em que se encontra".
O chefe de Estado recordou que Portugal "tem mais de um terço dos seus membros no exterior que, ao longo da História, nunca faltaram com o seu auxílio em momentos difíceis". Numa época de crise, Cavaco Silva espera que as comunidades no estrangeiro e o país "se voltem a aproximar e a fortalecer laços porque Portugal necessita do seu contributo".
Um apelo feito por Cavaco Silva durante a inauguração do Museu Cargaleiro, integrado nas comemorações do Dia de Portugal, na cidade de Castelo Branco. Uma cidade escolhida para as celebrações porque, em termos económicos, justificou o Presidente, "é uma cidade exemplar e uma lição para o País".
Na Sessão Solene realizada na Câmara Municipal, na abertura das comemorações, o Presidente da República já se tinha referido à situação económica do País e avisou que é urgente "mudar de vida". De resto, e apesar de não querer comentar a actualidade política no que à Formação de Governo diz respeito, Cavaco Silva comparou os últimos anos do País a um paciente do médico albicastrense Amato Lusitano, que "não não obedeceu às prescrições do doutor" e acabou por piorar o seu estado de saúde. "É preciso que o País queira ser curado", reiterou.
A finalizar, o Presidente da República mostrou-se optimista e acredita que "Portugal vai vencer". E até deu a receita: "é preciso que os portugueses prefiram os produtos nacionais". De resto, a agricultura acabou por ser uma das bandeiras do Presidente da República ao longo dos dois dias que passou em Castelo Branco.
(Reportagem completa, de três páginas, na edição papel)
Autor
Alexandre Salgueiro
Categoria
Local
›
Castelo Branco
Palavras-Chave
Cavaco / País / Presidente / Silva / Interior / Portugal / República / Castelo / Branco / Camões
Entidades
Camões / Cavaco Silva / Cavaco / Amato Lusitano / Comunidades
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