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Andreia, a condutora de autocarros

2011-01-31

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Jovem de 23 anos é a primeira mulhera a conduzir autocarros na cidade.

Faz uma vistoria ao aspecto geral do autocarro, entra, tira o casaco, grande para o seu tamanho, e senta-se a ajustar a posição ao volante. É com à-vontade que manobra a viatura e os percursos já se tornaram familiares, mas Andreia Valezim, 23 anos, é ainda motivo de curiosidade quando passa nas ruas da cidade, por ser a única mulher a conduzir transportes públicos.
Segundo os colegas, não é apenas a única, como a primeira motorista de autocarros da Covilhã. "Das primeiras vezes que passei no Pelourinho, só me apetecia rir, as pessoas de idade ficaram admiradíssimas e comentavam por verem uma mulher ao volante de um autocarro", lembra. Para além da estranheza inicial, sentiu também desconfiança no seu desempenho, mas depressa o relacionamento mudou e passou a ouvir elogios.
As experiências negativas também aconteceram. "Uma vez um senhor de alguma idade veio desde os Penedos Altos todo o percurso a protestar por hoje já deixarem as mulheres fazerem tudo", conta, a rir.
Conduzir "dá-me gozo"
Para Andreia o tamanho dos veículos nunca a intimidou. O pai, tios e primos conduzem pesados e a família, de Tomar, já teve uma empresa de transportes. "Fui criada no meio, acabei por ficar com o vício". "Eu gosto de conduzir, dá-me gozo", salienta.
Assim que fez 18 anos passou no exame de condução e entrou para uma empresa de entrega de mercadorias, que a costumava trazer à Covilhã. Andar com veículos de tamanho superior ao habitual nunca foi algo extraordinário. Tornou-se natural e, mal completou os 21 anos, tirou a carta de pesados.
Ainda assim, nunca tinha pensado ser motorista de autocarros de passageiros. Só que, com as visitas frequentes à Covilhã, acabou por gostar da cidade e o espírito aventureiro levou-a a despedir-se da empresa onde estava e a mudar-se para cá, há um ano. Soube que a Covibus, concessionária dos transportes colectivos urbanos, estava a recrutar gente, tirou a licença necessária e no mesmo dia foi pedir emprego e foi aceite para fazer as férias de colegas. "Eu gosto de novas experiências, decidi arriscar", acentua.
Numa cidade em que avalia não ser fácil andar ao volante, sobretudo de pesados, considera-se não agressiva na condução e diz terem-lhe feito referências positivas. "Há quem diga que tenho uma condução suave, cuidadosa". Mas essas são as mesmas pessoas que no início pareciam recear ver uma mulher, ainda por cima tão jovem, a dirigir um veículo. Agora, refere, as pessoas tornaram-se simpáticas e após os primeiros dias alteraram totalmente a postura retraída.
"Cumprimentam-se, chama-me a nossa menina, de que não gosto nada, e metem mais conversa, sobretudo as senhoras". Ainda estranho é gente que não conhece ou nunca viu a tratar pelo nome. "As pessoas dos percursos que faço sabem o meu nome. Acaba por ser natural, como sou a única, sou conhecida. Uns dizem bem, calculo que outros não, não sei".



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Local Covilhã

Palavras-Chave
Andreia / autocarros / conduzir / Covilhã / única / cidade / volante / pessoas / mulher / autocarro

Entidades
Andreia Valezim / Andreia / Fui / Covilhã / Pelourinho

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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