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Aprender hebraico para receber turistas judeus

2011-03-30

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Rabino ensina hebraico aos belmontenses.

"Yoga. Senhor rabino, o que quer dizer yoga, em hebraico" pergunta um dos formandos. O rabino, Elisha Salas, responde: "Yoga quer dizer…yoga". E o formando volta a perguntar: "Mas o que significa?". Salas reafirma: "Significa… yoga…. Sim, como em português". O momento dá para uma gargalhada geral e para descontrair um pouco na hora e meia de aula de hebraico que decorre no Centro de Estudos Judaicos Adriano Vasco Rodrigues, no Museu Judaico de Belmonte.
De facto, desde o início do mês de Março que decorre na vila um curso livre de hebraico, ministrado pelo rabino da Comunidade Judaica de Belmonte, Elisha Salas, frequentado por 18 pessoas, embora se tenham inscrito 21. Porém, três delas nunca apareceram e na quarta aula, na passada quarta-feira, 23, a que o NC assistiu, só uma dezena de alunos estivessem presentes, na grande maioria mulheres (dois homens na sala, para além do rabino e do repórter), muitas delas ligadas a actividades directamente relacionadas com o turismo. Havia funcionárias dos postos de turismo, dos museus e outras pessoas ligadas à autarquia que, durante aqueles 90 minutos, iam acompanhando e participando activamente na aula, sempre com Elisha Salas a desafiar para algumas respostas das formandas.
A primeira dificuldade, a de escrever, no quadro, letras em hebraico. "É sempre de cima para baixo, da direita para a esquerda, Elisabete" aconselha o rabino, que acrescenta que em hebraico "tudo está muito bem pensado. A forma e até a própria força da mão" afirma. Elisabete, arqueóloga na autarquia belmontense, é desafiada a escrever o próprio nome em hebraico e não se sai mal. Elisha faz questão de lembrar que há duas formas de escrita: a do senso comum e a que consta dos livros sagrados. E aconselha as formandas a utilizarem os vários sentidos de que dispõem para fixar as letras. "É preciso usar a mente, mas também o som. Se não usarem o som das letras terão bem mais dificuldades em memorizar" aconselha no seu fluente espanhol, já que para ele, português, "é quase tão difícil para mim como para vocês o hebraico".
Paula Neves, funcionária do posto de turismo, é sem dúvida a aluna mais interventiva da sala. E das que já mostra maior à vontade com o hebraico. Sempre bem disposta, aprende a brincar, e com alguma brincadeira vai soltando algumas frases que ajudam à alegria na sala. Está a escrever uma letra e lá vai dizendo ao rabino que, se calhar, "precisamos é de tirar um curso de desenho", tal é a dificuldade em escrevê-las. Lucinda Melo, também funcionária na área do turismo, e esposa do autarca belmontense, Amândio Melo, responde a Paula e deixa uma certeza: "O meu problema não é fazê-las, mas sim decorá-las". Elisha Salas deixa um conselho: "Têm que estudar sempre o alfabeto até o saberem de cor."

Ganhar vantagem em projectos futuros

Unânime é a opinião de que com este curso Belmonte terá gente bem melhor preparada para receber os muitos turistas judeus dos quatro cantos do Mundo que todos os anos chegam à vila. Estima-se que todos os anos mais de 15 mil judeus visitem espaços como o Museu Judaico e Sinagoga, passando também por outros locais da oferta museológica da vila onde, no futuro, já terão gente melhor preparada para lhes explicar um pouco da história da vila ou tão só aconselhá-los em relação a locais para dormir ou comer. "Há vários projectos de trabalho aqui para Belmonte, neste sector, em que querem pessoas que saibam falar e perceber hebraico. Por isso, em Belmonte, vocês já estão à frente" afirma o rabino da Comunidade Judaica, Elisha Salas.
A aula prossegue e Elisha vai deixando umas dicas. "Tenham em atenção que em hebraico, não existem vírgulas ou pontos para separar. É tudo corrido" afirma, havendo na sala quem ao ser confrontado com duas páginas para ler diga: "Isto está tudo ao contrário". Mas não está. Está tudo é da direita para a esquerda. Ao contrário do que acontece no idioma português. "A pouco e pouco, vocês vão conseguir aprender estas palavras que deixarão de ser esquisitas para vocês" afirma, convicto, Elisha Salas. Depois, algumas palavras mais comuns são aprendidas e expressões do contacto diário, como "bom dia, boa tarde, com te chamas, que horas são, de onde és, comer, beber, dormir". E numa aula que em hora e meia é aproveitada ao máximo. "É pouco tempo" afirma o rabino.



Autor
João Alves

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
hebraico / Elisha / Rabino / Salas / Yoga / Belmonte / sala / afirma / aula / turismo

Entidades
Rabino / Senhor / Elisha Salas / Adriano Vasco Rodrigues / Paula Neves

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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