D.Manuel aborda actual situação do País na homilia do segundo domingo da Quaresma.
O bispo da Guarda considerou no passado domingo que o Estado português suportou custos elevados com a formação de quadros qualificados que "oferece de bandeja a outros países" e admitiu que a crise económica "parece que veio para ficar". Na homilia do II Domingo da Quaresma, proferida na paróquia de Dominguiso, D. Manuel Felício referiu que em 2010 o número de licenciados que saíram do país "à procura de emprego no estrangeiro cresceu numa percentagem de 57 por cento".
"Temos de concordar que é frustrante saber que o Estado português suportou custos elevados com a formação de quadros qualificados que agora oferece de bandeja a outros países", declara o prelado diocesano. O bispo referiu-se à actual crise económica e defendeu "formas de mobilizar as pessoas todas para um verdadeiro projecto comum" de "desígnio nacional". "Um desígnio que saiba aproveitar as potencialidades de crescimento que temos e, em particular, os recursos humanos mais qualificados que existem na população portuguesa", diz.
Atendendo à situação "difícil" que o País atravessa, Manuel Felício considera que o cenário "torna urgente que sejam repensados os caminhos da gestão da coisa pública que estão a ser percorridos". "Isto porque as pessoas em geral não estão satisfeitas e o nível da sua insatisfação cresce, em vez de diminuir. E não pensemos que esta insatisfação acabaria se estivessem equilibradas as contas públicas e a nossa volumosa dívida externa estivesse por inteiro saldada", justifica.
Na homilia, admitiu que este "é um gravíssimo problema que tem de preocupar todos os portugueses". Reconheceu que os tempos actuais são "de muita dificuldade", notando que, "se em outros países a crise está a passar", em Portugal "parece que veio para ficar". "É, por isso, natural que nos sejam pedidos sacrifícios", observa.
O prelado diocesano disse julgar possível "continuar a pedir sacrifícios ao nosso povo desde que sejam bem explicados e também fique bem clara a distribuição equitativa dos mesmos". Manuel Felício também aponta "incapacidades verificadas na gestão da coisa pública" do País, denunciando que "o Estado português endividou-se e continua a endividar-se ao estrangeiro e não teve arte nem engenho para aproveitar da melhor maneira os fundos comunitários, que há mais de duas décadas lhe estão a ser atribuídos, para vencer a distância" que separa Portugal "dos países mais desenvolvidos da Europa". "Continuamos a divergir deles em vez de conseguirmos a desejada convergência", afirmou.
No final da homilia, o Bispo da Guarda disse que "sentimos o convite à renovação para centrarmos a nossa vida cada vez mais na pessoa de Jesus Cristo e na Sua Palavra Evangélica. É a partir desta renovação que também poderemos ajudar a sociedade portuguesa a encontrar os caminhos de equilíbrio e de verdadeira humanidade que lhe estão a faltar."
Autor
Notícias da Covilhã
Palavras-Chave
domingo / País / Estado / Quaresma / Bispo / homilia / Felício / países / Manuel / português
Entidades
D.Manuel / D. Manuel Felício / Manuel Felício / Jesus Cristo / País
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