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Voltas que o Mundo dá

2011-05-25

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Sem o Euro será todo o edifício Federalista Europeu que se vinha ensaiando construir que ficará em causa.
A propósito de um documento comunitário dirigido em Janeiro às instâncias internacionais da União e aos Parlamentos Nacionais escrevemos no NC de 24 de Fevereiro deste ano que valia a pena aguardar por Abril para percebermos quais os compromissos sociais, económicos e financeiros que o nosso Estado seria forçado a assumir….para então podermos percepcionar "…a soberania que já não temos" seja em matéria de políticas de moderação salarial, de idade da reforma, de limitação no tempo das prestações sociais, de redução do nível da protecção dos trabalhadores com contrato permanente, de duração de férias, de tempo de trabalho….
Sem dúvida que há uma dimensão nacional nesta crise que todos ou, pelo menos alguns, temos presente. Basta referir que ao longo dos primeiros dez anos deste novo século a economia portuguesa cresceu sempre abaixo da média do crescimento económico registado para os demais Estados da União…
A questão dessa reflexão atrás referida ultrapassava, porém, as nossas fronteiras e permitia perceber que era no espaço da União que tudo se iria ou irá jogar. E aí a dimensão da nossa economia vale o que vale, isto é, muito pouco.
Assim, a experiência alcançada em resultado do que se tem passado no último ano com a Grécia e, mais recentemente com a Irlanda, permite que vamos observando com alguma antecedência os passos que se vão seguir: os mercados financeiros estão agora já saciados ou acham ainda pouco o que conseguiram…? Claro que um devedor tem de ficar satisfeito por honrar os seus compromissos, cumprindo-os…mas isso não o impede de ver que para além dele há outros devedores que podem vir a cair na mesma situação: Espanha…para não irmos mais longe, já que, contra outras opiniões, não cremos que, para os próximos tempos, o mesmo se possa dizer da Itália ou Bélgica e muito menos França…
Em qualquer caso, o que está em causa é, sempre, o receio da subsistência ou não do Euro que nos vai acompanhar nos próximos anos, para sermos optimistas.
É que sem o Euro será todo o edifício Federalista Europeu que se vinha ensaiando construir que ficará em causa e, depois disso, será o retorno ao proteccionismo e depois aos nacionalismos…com o actual modelo social europeu já então submetido às mesmas regras dos capitalismos asiático e norte-americano.
A hegemonia destes blocos será então sinónima de homogeneidade económica, social, financeira…
De facto, o Euro, mais do que expressão económica de uma realidade política, está condenado a ser o grande obstáculo a formulações ideológicas de pendor claramente proteccionista, que porão em causa, no limite, a própria democracia.
Mas neste embate entre o Estado e o mercado a responsabilidade por acção foi deste último não só até 2008, como até hoje, embora o primeiro possa ser julgado por omissão do plano regulatório que lhe competia e onde falhou até agora, completamente.
Realmente, os modelos de uma economia solidária ou vêm da comunidade ou não vêm…., embora, se reconheçam, para citar S.S. Bento XVI na Caritas in Veritate, … que razões de sabedoria e prudência sugerem que não se proclame depressa demais o fim do Estado….sendo que, continua o actual Pontífice, com toda a sua autoridade, relativamente à solução da crise actual a função do Estado parece destinada a crescer, readquirindo muitas das suas competências.
Mas não sei se é isso que estamos a ver. Ou melhor: sabemos que não está a ser. Nem no plano nacional, nem no plano da União Europeia, nem no da ONU. Se a isto juntarmos uma crise do papel da divisa norte-americana após a reeleição de Obama …. teremos razões para percebermos para onde vamos ….ou não vamos….
A ver, … vamos, como diz o cego….



Autor
Ayres de sá

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
União / sociais / Estado / Euro / Mundo / Janeiro / Parlamentos / Nacionais / Fevereiro / Abril

Entidades
S.S. Bento XVI / Obama / Parlamentos Nacionais / NC / Abril

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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