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De terra e ar

2011-07-27

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Sou pela cedência do actual aeródromo da Covilhã, à PT ou a outra empresa.

Ao iniciar este artigo de opinião declaro-me previamente, para evitar interpretações especulativas, amante da aviação e consequentemente do nosso aeródromo, do seu legado histórico (é o aeródromo mais antigo dos pais, o primeiro avião que aqui aterrou remonta a 1946) e de todos aqueles, que como eu são (perdoem-me a expressão) "malucos das máquinas voadoras". Com esta declaração de princípios, dou testemunho, desta minha paixão, e como alguém dizia, "…o olhar, que se me perdia pelo horizonte a tentar perscrutar alguma aeronave, que me leva-se a sonhar, com paragens longínquas, aventuras e paisagens de arrebatar…"!
Poesia à parte e trocando o éter do ar, pela realidade da terra, citando um instrutor de voo a uma das minhas filhas "uma certeza há, é que no ar ninguém fica" e antes das máquinas, digo eu, temos as pessoas, pois as máquinas só servem, se forem, e passe o pleonasmo, para servir as pessoas. Pese embora esta paixão expressa, sou pela cedência
do actual aeródromo da Covilhã, à PT ou a outra empresa que o reclame, para a sua instalação e que consigo traga, a criação liquida de 500 postos de trabalho e riqueza para a região. Mais ainda, quando essa mão-de-obra é altamente qualificada e das ofertas de trabalho para esta, resultará a retenção de quadros, que de outra forma, teriam de procurar além fronteiras, a sua vida, numa diáspora idêntica à de outros tempos de má memória, com o ónus demográfico e social que a perda destes cérebros, entenda-se, pessoas, representaria para o país e para a nossa Universidade, pois para lembrar e reforçar, com um orgulho beirão indisfarçável, a UBI forma quadros altamente qualificados, que necessitam de trabalho e preferencialmente de colocação na região, com o impacto que a reposta afirmativa a esta pretensão, representará, em gente, salários, impostos, consumo, em suma, riqueza!
Considero pois, que devemos reformular o nosso discurso, para aquilo que agora definimos como assertividade. Assim, devemos em primeiro lugar desembravecer os EUs que saltitam aqui e ali e colher a serenidade do nós, reconhecendo em primeiro lugar o trabalho deveras meritório da nossa Câmara, que reputou que a sua missão não se limitava a gerir um território, mas que tinha também de se preocupar com as pessoas que vivem e querem viver nesse espaço, sob a sua administração, e como o caminho só se faz andando, fez-se o executivo à estrada e procurou criar as condições para atrair este investimento á nossa cidade, o que representará um valor entre os 60 e os 100 milhões de euros e pasme-se, em vez de recolher um merecido reconhecimento, pelo bom trabalho realizado, que numa época de dificuldades acrescidas e desemprego crescente como a que atravessamos é, em minha opinião, ainda mais meritório e que inclusive despertou ecos menos simpáticos de alguns vizinhos, que ao verem as suas legitimas expectativas preteridas em prol da nossa cidade, não conseguiram ocultar o seu despeito natural e até tentam alimentar as nossas discrepâncias internas anunciando um novo aeródromo para a sua cidade, com a comparticipação de 70 por cento de fundos comunitários, como se os outros, ou seja nós, andássemos a dormir, mas enfim, como alguém disse, ninguém é profeta na sua terra!
Urge em minha opinião dizer, que todos somos livres de opinar, o que aliás, estou a fazer, e devemos civicamente intervir nas decisões que consideramos, não servirem os interesses das populações, o que manifestamente não é o caso, porém devemos fazê-lo nos locais onde em democracia nos devemos fazer ouvir, ou seja, no caso na Assembleia Municipal, onde qualquer munícipe pode vir e colocar a sua posição, que será valorizada e apreciada pelos parlamentares eleitos, cujas consequências serão retiradas como sempre pela maioria, e ai, nessa casa da democracia onde o arco está edificado na devida conformidade com a vontade do povo, não ouvi ninguém manifestar-se contra este investimento ou insurgir-se contra a PT, até porque independentemente da orientação politica de cada um, eu acredito que são todos covilhanenses e sabem que sem trabalho, não há pessoas, sem pessoas não há cidade, freguesias, aldeias, concelho e necessidade de aeródromo.
Em síntese, depois das coisas da terra, no caso as pessoas e os seus postos de trabalho estarem assegurados, devemos entre todos, contribuir de forma positiva para que dentro das atribuições da CMC, esta possa edificar um novo aeródromo/aeroporto regional, que dê resposta às necessidades da aviação civil, sirva os alunos da Aeronáutica da UBI, o turismo, a região e seja (não menos importante) digno representante do acervo histórico do actual aeródromo, auxiliados quiçá, pelo lobby, que uma empresa da dimensão da PT pode colocar a favor da futura autorização para a construção de um equipamento desta natureza, que comporta sempre um processo burocrático pesado, caro e moroso.
Para que os da terra possam ter emprego e continuar a sonhar, com voos e paisagens beirãs de arrebatar e os do ar depois dos voos, tenham um lugar onde voltar e descansar, claro, na nossa Covilhã!



Autor
Jorge Saraiva

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
aeródromo / pessoas / devemos / Covilhã / terra / máquinas / cidade / actual / empresa / região

Entidades
PT / UBI / CMC / Aeronáutica da UBI / Covilhã

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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