Trabalhadores podem fazer greve.
Os 33 funcionários da Conforlimpa que asseguram a limpeza no Centro Hospitalar Cova da Beira têm o salário em atraso, há quem não tenha recebido os subsídios de férias e refeição. Os trabalhadores, todos a auferir o salário mínimo, dizem que a situação é insustentável e ameaçam entrar em greve.
Junto à entrada do Hospital da Covilhã, onde denunciaram a situação, os funcionários da empresa dizem ter insistentemente procurado respostas, mas apenas lhes continuam a transmitir que não há previsões para a regularização das verbas em atraso.
A Conforlimpa atribui responsabilidades ao CHCB, por há nove meses não pagar o serviço de limpeza à empresa, com quem terá definido um plano de transferências, não cumprido.
Miguel Castelo Branco, presidente do conselho de administração da estrutura hospitalar, estranha que uma empresa com dez mil empregados justifique a situação com o atraso do pagamento de um cliente, lembra que o Serviço Nacional de Saúde tem acumuladas muitas dívidas e acrescenta que os hospitais estão habilitados pela tutela a resolver algumas dessas situações a breve trecho.
O administrador do Centro Hospitalar acrescenta que a entidade que dirige tem feito um esforço e, apesar do ambiente de crise que se vive, tem todos os salários em dia para com os seus funcionários.
Elsa Pereira, uma das empregadas da Conforlimpa, diz que "há colegas a passar necessidades". A situação não é nova. Agora, salienta, tornou-se "repetitiva". "Não há dinheiro para combustível, para passes, para pagar a refeição dos filhos na escola e aparecem os juros nos bancos", sublinha.
A também delegada sindical realça que algumas pessoas são o único sustento da família, e que perante o actual cenário "a situação está a ficar caótica, porque nós vivemos do nosso salário".
A Conforlimpa também presta serviço, na Covilhã, nos Correios, Segurança Social, Caixa geral de Depósitos e infantários. De acordo com as funcionárias que trabalham no hospital, também quem trabalha em outros locais está a viver o mesmo problema, tal como os restantes trabalhadores da empresa no resto do País.
As trabalhadoras criticam a postura do Centro Hospitalar, mas frisam que a responsabilidade é da Conforlimpa, a sua entidade patronal. O grupo de pessoas presta serviço no hospital há 11 anos e garante nunca ter tido problemas com as duas anteriores empresas que representavam. A Conforlimpa ganhou o concurso em Maio último e desde então os episódios de salários em atraso têm-se sucedido.
O NC não conseguiu chegar à fala com o responsável da Conforlimpa, mas fonte da firma desvalorizou a situação, alertando para o contexto de crise que se vive, referiu que no país há muita gente com vencimentos em atraso e fez referência à quantidade elevada de clientes que devem à empresa.
Os funcionários entregaram um pré-aviso de greve com efeito a partir desta quarta-feira, dia 14. Aquando do fecho da edição Elsa Pereira informou que lhes continua a ser dito que não sabem quando vão pagar. "Dizem que enquanto o hospital não pagar, não pagam", lamenta.
Autor
Ana Ribeiro Rodrigues
Palavras-Chave
Conforlimpa / atraso / situação / Hospitalar / Cova / Beira / Trabalhadores / empresa / hospital / Centro
Entidades
CHCB / Miguel Castelo Branco / Elsa Pereira / Conforlimpa / Serviço Nacional de Saúde
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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