Assembleia Municipal propõe referendo sobre extinção de freguesias. Povo adere em massa à reunião.
Antes de a Assembleia Municipal começar já as cadeiras do auditório estavam lotadas e quem continuava a chegar ia ocupando o lugar na sala de entrada, onde a sessão podia ser acompanhada numa televisão. Munidas de cartazes e tarjas com palavras de ordem, centena e meia de pessoas do Ourondo, Casegas e Vila do Carvalho quiseram protestar contra a agregação de freguesias.
No local estavam dois agentes da PSP e outros dois descaracterizados, mas a manifestação foi pacífica e ordeira. O regulamento só foi quebrado quando os presentes não contiveram os aplausos de aprovação à intervenção do presidente da junta do Ourondo e quando Vítor Tomás sugeriu uma demissão em bloco dos eleitos no concelho.
António Branco vive na Trofa, mas deslocou-se propositadamente à Covilhã para "defender" a sua terra, Casegas. "Vim porque trata-se da autonomia da minha terra", justifica. Na freguesia a população uniu-se e exigiu ao seu representante que tomasse uma posição pública, que lá estariam para o apoiar.
"Assim vêm que a população está envolvida na defesa da terra, estamos aqui para alertar os políticos", sublinha, advertindo que "os caseguenses não são dóceis quando se trata de defender a sua terra". "Escreva lá isso", pede António Branco, alertando que "todas as freguesias têm uma alma, nenhuma pode ser extinta".
União contra a divisão
Tradicionalmente os laços das gentes do Ourondo são com Silvares, e não com Casegas ou o Paul, mas quem veio à Covilhã prefere não dar relevo a atritos e rivalidades. "Cada um tem a sua própria identidade e ninguém a quer perder", vinca Elvira Marcos, de 53 anos.
A presença dos caseguenses no Auditório Municipal, realça, partiu da vontade da população, "muito unida" no combate à intenção do Governo. A sua maior preocupação é a previsível degradação da qualidade de vida das pessoas. A sete quilómetros da localidade mais próxima, questiona-se onde a população irá pagar a água, a luz ou a quem se vai dirigir quando tem problemas para resolver.
Gil Carvalheiro vai satisfeito com mobilização dos seus conterrâneos, mas desiludido com a ausência do presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto. "É lamentável que o presidente não esteja presente na discussão de um assunto desta importância. As populações estavam à espera de uma palavra da parte dele", lastima o jovem, para quem Carlos Pinto se devia ter feito representar onde quer que tenha ido, "não ao contrário".
O "isolamento" do Ourondo é o principal receio de Gil Carvalheiro. "Temos serviços que gostaríamos de manter", frisa. A intervenção do seu presidente de junta, diz, "esteve à altura das expectativas da população". Mas o que importa, realça, é que a AM "tenha voz contra este medida e faça pressão". Para isso, é fundamental haver "sintonia", para a força ser maior.
Lurdes Antunes também se mostra apreensiva e com uma convicção que partilha no cartaz que ostenta: "Agregar freguesias não é solução".
Autor
Ana Ribeiro Rodrigues
Palavras-Chave
Municipal / Assembleia / Ourondo / população / terra / Casegas / freguesias / Povo / Covilhã / presidente
Entidades
Munidas / Vítor Tomás / António Branco / Elvira Marcos / Gil Carvalheiro
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