Autarca diz que é apenas "um cidadão como os outros".
Carlos Pinto, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, acusa o empresário Paulo de Oliveira de querer beneficiar de uma situação de "privilégio" no tratamento dado pelo município.
Numa carta aberta ao presidente da autarquia, publicada na imprensa e enviada também aos vereadores da oposição, Paulo de Oliveira queixava-se de ver as actividades das suas empresas prejudicadas devido à demora da edilidade na resolução de alguns problemas. "Todos os casos tiveram resposta dos serviços técnicos e da Câmara", respondeu Carlos Pinto, quando questionado pelo vereador socialista Vítor Pereira durante a reunião pública do executivo da passada sexta-feira. 16. "O senhor Paulo de Oliveira vale tanto para mim quanto estas pessoas que aqui estão", frisou o presidente do município, que atribui as críticas do empresário a "ainda não ter percebido que para a Câmara é igual a qualquer outro cidadão".
Carlos Pinto acrescentou que "os dinheiros da Câmara não são usados para defender património privado, ainda por cima de quem não precisa", quando falava da faixa de terreno que a edilidade tem a intenção de expropriar para alargar o acesso à Junta de Freguesia da Boidobra, obra adiada há cerca de cinco anos por ainda não se ter chegado a acordo com Paulo de Oliveira, proprietário desse terreno. "O presidente da Junta da Boidobra tem sido de uma paciência infinita", realçou.
O presidente da Câmara da Covilhã entende que o que está em causa são "relações de poder", numa altura de crise. O Grupo Paulo de Oliveira emprega cerca de 1200 pessoas nas três fábricas de lanifícios localizadas no concelho, mas Carlos Pinto acentua que apesar da importância para a comunidade "isso não lhe dá o direito de ter um estatuto de privilégio", embora note que merece "respeito". "O poder político não se subjuga ao poder económico", sublinha.
O autarca lembra que tanto o Estado, através da atribuição da comenda de mérito industrial, como a Câmara Municipal da Covilhã, com a atribuição da medalha de ouro da cidade, já reconheceram o trabalho de Paulo de Oliveira. No entanto, considera que não se deve valer da sua posição para "ditar decisões e estatutos de privilégio".
Segundo Carlos Pinto haveria muito a dizer sobre episódios envolvendo o maior empresário de lanifícios do País. "Na posição em que estou nem sequer posso dizer tudo", comenta.
Autor
Ana Ribeiro Rodrigues
Palavras-Chave
Oliveira / Paulo / Câmara / Pinto / Carlos / presidente / querer / acusa / Covilhã / Autarca
Entidades
Autarca / Carlos Pinto / Paulo de Oliveira / Vítor Pereira / Câmara
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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