Provedora quer credibilizar Santa Casa

2012-07-25

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Anabela Pinto já definiu prioridades na Misericórdia de Belmonte.

Uma "mudança", num projecto imbuído "dos valores da solidariedade social", em que, agora, o principal desafio passa pelo "reequilíbrio financeiro" da instituição. Foram estas, em suma, as principais linhas traçadas pela nova provedora da Santa Casa da Misericórdia de Belmonte, Anabela Pinto, que tomou posse na passada sexta-feira, 20, no cargo.
Perante uma boa plateia, no auditório da Santa Casa, na qual estava, entre outros, o anterior provedor, João Gaspar, que liderou a instituição durante mais de três décadas, a advogada lembrou as "adversidades" que houve em todo o processo de eleição, mas garantiu logo uma revisão dos estatutos da Misericórdia, "para que se evitem no futuro, novas tentativas frustradas de abuso de poder ou se faça jurisprudência local". Anabela Pinto recordou o passado "inapagável" da Santa Casa, mas acima de tudo alertou para os desafios futuros, que passam pelo "reequilíbrio financeiro", pela "reestruturação organizacional" de modo a garantir "a sustentabilidade necessária", numa instituição que tem um passivo avaliado em alguns milhões de euros. Nesse propósito, a provedora disse que a Misericórdia poderá aceder ao Programa de Recuperação Financeira disponibilizado pela Administração Central, através da linha de crédito de apoio a instituições sociais, destinado ao pagamento de dívidas a fornecedores, e ainda aceder ao Fundo de Apoio Social, como "medida financeira imprescindível" à gestão corrente da instituição.
Com o autarca local, Amândio Melo, na plateia, Anabela Pinto apelou ao retomar do diálogo institucional entre as duas entidades e tentou sensibilizar para o retomar do apoio financeiro da autarquia à Santa Casa, que "tão importante se revela para o reequilíbrio financeiro" da Misericórdia. A provedora mostrou ainda disponibilidade para o retomar do projecto do Hospital de Rectaguarda ou Unidade de Cuidados Continuados, que se iniciou mas acabou por morrer, já que diz ser "uma mais-valia" para a população. Anabela Pinto mostrou-se ainda disponível para colaborar em parcerias com o Centro Hospitalar da Cova da Beira e com os bombeiros locais, propondo que sejam estes a fazer o transporte de doentes da instituição, através de um protocolo a celebrar entre as partes. "Uma gestão criteriosa e equilibrada passa pela contenção de custos" assegura a nova provedora, que quer a Santa Casa "aberta à comunidade" e promete "decisões partilhadas", desafiando os trabalhadores a constituírem uma comissão, para que sejam "chamados a participar nas grandes decisões".
Anabela Pinto fez ainda um apelo aos credores para que concertem com a nova Mesa Administrativa planos de pagamento de dívidas de modo a reaverem o seu dinheiro sem, contudo, "sufocar" o normal funcionamento da instituição". Anabela Pinto assegurou ainda querer restituir "a credibilidade" da Santa Casa, o seu "prestígio e honorabilidade", embora reconheça que será preciso "algum tempo" para que a estratégia financeira traçada " se consolide".
Antes, o novo presidente da Mesa da Assembleia, Zeferino da Silva, que reassume um cargo de destaque depois de ter sido, ele mesmo, provedor da Santa Casa, lembrou que os conflitos são necessários para que se encontrem soluções, prometendo um "esforço coletivo" para se encontrarem "sempre as melhores (soluções)". Já o anterior presidente deste órgão, João Lucas Paiva, reconheceu que a paz na instituição "não tem sido a melhor" mas apelou à compreensão e diálogo para se ultrapassarem barreiras.
Anabela Pinto assume o lugar de provedora, tendo como vice Luís António Almeida e como secretário José Manuel Caninhas. Zeferino da Silva é o líder da Assembleia e à frente do Definitório fica Manuel Marçalo Alves. O mandato dos novos órgãos sociais é de 2012 a 2015.