Quiseram as "elites" que nos Governaram nos últimos trinta anos ou pouco mais que dispuséssemos de uma divisa forte com uma economia fraca… e agora temos de pagar a factura…até quando?.
Entre o futebol e o Governo criou-se mais uma vez uma singular relação de cumplicidade a que alguma comunicação social não escapou.
É assim: quanto menos se falar do Governo, mais despercebido passa este e outros dos seus comparsas menores: vejam como a ERC se pronunciou em cima do Portugal e da Republica Checa sobre a questão das secretas…logo quando todos estamos embebidos no Ronaldo e seus pares….para tudo passar de mansinho ao Ministro Miguel Relvas…. que, segundo a ERC, poderá ser objecto de um juízo negativo no plano ético e institucional, ao qual aquela será estranha, já que não cabe à ERC pronunciar-se sobre tal juízo….
No entretanto, quando o sonho desportivo europeu acabar e voltarmos á realidade, aí teremos de novo de ver o que o futuro próximo nos reserva sobre o jogo dos mercados e a divida soberana dos países que não podem emitir moeda, como nós e outros para além dos gregos, mas que já não é o caso de outros membros da União Europeia que mantiveram suas divisas, como a Grã-Bretanha…. que emite a libra soberanamente…sem ter de pensar nos traumas germânicos da inflação, dizem estes, embora sem respeitarem a verdade histórica, diremos nós.
Quiseram as "elites" que nos Governaram nos últimos trinta anos ou pouco mais que dispuséssemos de uma divisa forte com uma economia fraca… e agora temos de pagar a factura…até quando?.
Merkel dizia há uns meses atrás- bem poucos, por sinal – que tínhamos austeridade para dez anos…
Os sonhos de umas noites de verão que se viveram a pensar no euro ao longo dos anos noventa, (moeda de ricos para países pobres…?), converteu-se, agora, no pesadelo da falta de competitividade das nossas empresas exportadoras e de que sofrem os desempregados, os novos pobres, os empresários insolventes, os jovens com habilitações superiores a desempenharem funções pobres de conteúdos, quando as encontram ou, então, á procura de um novo Eldorado num qualquer país, que não se bem sabe qual será….
Dos economistas de então e que ainda nos governam ou dirigem, ninguém pensou, naqueles idos dos anos noventa, lá do alto da sua ciência, numa solução adequada á nossa realidade empresarial que ou não conheciam (o que não é possível) ou que entregaram por um prato de lentilhas aos senhores dos mercados: Dizem agora que todos fomos responsáveis…
Ninguém pensou que, como nós, outros países, careceriam de outra moeda mais fraca, como a nossa economia…e se isso não fosse possível aos Senhores da União daqueles anos, porquê, então, a moeda única, ainda por cima feita sobre o valor do marco…? O que queríamos que daqui resultasse? Lembremo-nos que houve quem lucidamente o previsse…sem ser um daqueles juristas convertidos em economistas que só servem, agora, não para informar o povo, mas para o assustar…
Entretanto, ficamos felizes em exportar para Bruxelas um primeiro-ministro que, sem provas dadas em Portugal, foi mostrar para a Comissão Europeia e para toda a Europa, a falta de qualidade que aqui já revelara á frente de um dos Governos da nossa história democrática que é melhor não qualificar: Na crise de 2008 e na crise bancária que já chegou a Espanha ainda não se ouviu a um dos Comissários umas ideias, por básicas que sejam…louve-os Deus…
Só nos faltava o nado morto que dá pelo nome pomposo de Tratado Orçamental da União Europeia, logo subscrito por nós e talvez pelos gregos, já que Merkel manda mesmo e nós temos de cumprir…o fado dos bons alunos…embora muitas vozes considerem o Tratado uma ideia sinistra…
Lamento, mas, às vezes, lembro-me da magistratura italiana que nos anos noventa quase que ia fazendo no seu País uma revolução ética em nome da lei… que, por muito justicialista que nos pareça e talvez tenha sido, sempre era melhor do que este assistir lento á espera não sei do quê….num nevoeiro que Pessoa não se cansou de profeticamente lembrar na sua e nossa Mensagem.
Valham-nos Ronaldo e seus pares no euro, do futebol deles, enquanto puderem…. já que, a realidade, é continuamos a estar no euro …que temos de ir pagando…enquanto pudermos.
Autor
José Ayres de Sá
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
ERC / Pobres / Governo / União / Europeia / moeda / Governaram / fraca / economia / noventa
Entidades
Ronaldo / Merkel / Pessoa / Valham-nos Ronaldo / ERC
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