José Mendes diz que clube não entrará em loucuras

2012-06-20

Versão em áudio disponível!

00:00 00:00

Líder serrano diz que nos últimos minutos em Moreira de Cónegos sabia o que estava a fazer.

Porquê a escolha do Filipe Moreira?
É um homem com provas dadas, que conhece bem todos os jogadores dos escalões secundários e, com as dificuldades que os clubes atravessam, cada vez mais têm que recrutar jogadores a nível dos escalões secundários. Achamos que é o homem ideal para o que nós perspectivamos, que é atingir o objectivo da manutenção o mais rapidamente possível.

Rui Nascimento foi convidado para ficar. O que aconteceu?
Não chegámos a acordo por causa das verbas. Nós não podemos ultrapassar os limites, não podemos fugir muito ao que temos a certeza que podemos pagar.

O Joanito e o Luciano continuam a ser adjuntos?
Em princípio. Vamos conversar com eles, porque isto depende sempre tudo do dinheiro.

O Alexandre Ribeiro não vai continuar?
O professor não é da Covilhã e tem trabalho à porta de casa a ganhar o mesmo. Conversei com ele e o Sporting da Covilhã não tem condições para dar, independentemente do bom trabalho que fez no clube.

Quais são os critérios para a formação do plantel?
Vamos fazer uma equipa dentro do que achamos que é o melhor para o Sporting da Covilhã, dentro dos limites financeiros. O Covilhã não vai desviar-se um milímetro do que tem feito até agora. Se tiver de contratar jogadores do distrital e da terceira divisão, vai contratá-los. Não vamos cometer loucuras.

Dos jogadores da última época ainda disponíveis, já alguns foram contactados?
Alguns. Querem todos mais dinheiro. Vivem num país que não é o nosso. O nosso é o real, o deles é um outro. Os jogadores andam a pensar que o futebol é um mar de rosas. Só têm que sair daqui e ir para outros locais onde tenham essas possibilidades de ganhar mais dinheiro.

Fala-se no Edgar, no Tarcísio, no Taborda…
De certeza absoluta que não vão faltar jogadores ao Sporting da Covilhã. Temos uma semana para concretizarmos o que achamos que vai ser bom para o clube, de forma a no início da época termos as condições para idealizarmos um campeonato tranquilo. Neste momento não há jogadores nenhuns confirmados. Ninguém assinou.

O Adriano vai representar o Sporting da Covilhã?
O Adriano esteve nas camadas jovens do Sporting da Covilhã, acabou a formação no FC Porto. Voltou ao clube, é da nossa terra e vemos com bons olhos este regresso.

Vai assinar por quanto tempo?
Por um ano. O Covilhã não faz contratos por mais tempo. Vai ser mais um ano em que vamos tentar subir alguns juniores para dar continuidade ao que já foi feito: o Samuel, o Salvado e o Gregório. Vamos trabalhá-los para que no futuro possam ser confirmações no plantel.

Há algum valor que possa interessar no distrital?
O distrital é o que é, tem o valor que tem, não vou andar toda a vida a falar nisso. Todos os anos temos feito jogos com jogadores do distrital e já se viu o que acontece quando são chamados a competir com mais afirmação. Nós estamos atentos. Agora, que não mandem recados de fora para dentro, porque de futebol percebemos nós. Não têm qualidade, porque se os houver com qualidade nós estamos atentos e vamos buscá-los.

"Este não é um barco fácil"

A redução de receitas faz adivinhar mais dificuldades e disse há dias que é preciso saber o que se pode esperar da cidade. Já tem a resposta?
Não tenho. Eu preciso é não fazer o mesmo que outros: deixar dívidas no clube todos os anos, ordenados em atraso. A nossa preocupação é manter o Sporting da Covilhã no lote das equipas que pagam. Esse lote é de poucas equipas e nós estamos lá. Contamos com o apoio da cidade, da Câmara, em todos os aspectos, dos restaurantes, empresas e instituições que nos têm ajudado.

O que podem esperar?
Queremos é que dentro das possibilidades nos ajudem, porque este não é um barco fácil.
Olhem bem para o nosso clube. Vejam o que está a ser feito na formação. Nós estamos a fazer o nosso trabalho. Temos duas equipas no nacional em iniciados e em juniores. Se isto é pouco, não vejo onde é que haja melhor que o que estamos a fazer.

Já conversou com a autarquia sobre os apoios para a próxima época?
Não, mas há uma reunião que será agendada pelo senhor presidente da Câmara. Ao contrário do que muita gente quer fazer parecer, não há qualquer problema, da nossa parte, entre a Câmara e o clube, porque não somos ingratos. Sabemos reconhecer o que têm feito ao longo dos anos. Nós compreendemos a situação. Só queremos que nos digam, dentro da realidade, o que se pode e não pode fazer.

Na última jornada foi muito criticado por pedir à equipa para segurar o empate. Calou os críticos?
É bom que compreendam o que quero dizer quando digo que quem me criticou tem de engolir não sapos, mas elefantes. Não foi dirigido a nada na nossa cidade. Foi direccionado principalmente para os comentadores da Antena 1 que disseram que os dirigentes estavam mal informados. Eu sabia o que estava a fazer e a prova é evidente.

Acredita de facto que o futebol profissional não voltará a ser o mesmo?
Estou satisfeito porque fui o homem neste País que conseguiu fazer um requerimento para que alguns clubes apresentassem as suas contas e a Liga verificasse os salários em dia. Fui eu que dei a cara, nunca ninguém foi capaz de o fazer. Sinto-me orgulhoso, frontal, embora tivesse que me haver com presidentes de clubes que me questionaram.

(Entrevista completa na edição papel desta semana)