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Eles fogem de cá até para estudar

2012-03-07

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Dois estudantes covilhanenses pedem mais vagas no Ensino Superior.

"É uma ideia inovadora, uma ideia que traria benefícios para os estudantes, para as faculdades e Ensino Superior em geral." É assim que Luís e João Máximo, irmãos, naturais de Unhais da Serra, classificam o movimento que têm em marcha no portal do Governo que consiste na criação de vagas suplementares no Ensino Superior, suportadas pelos alunos, "como sucede em países estrangeiros para os quais se verifica uma crescente emigração." O movimento já tem cerca de 760 subscritores e é, neste momento, um dos sete mais populares no portal do Governo liderado por Passos Coelho.
Segundo os dois irmãos, existem limitações no acesso a determinados cursos e áreas de ensino das universidades que provocam a falta de oportunidades e perda de recursos humanos e económicos "que poderiam ser uma mais-valia ao País." A privação de um sonho e de uma vocação profissional por regras de acesso demasiado rígidas, bem como um número insuficiente de vagas para as necessidades nacionais recorrentes, leva a que muitos estudantes, jovens e adultos portugueses, tenham de recorrer a cursos em países estrangeiros, como Espanha, Hungria, República Checa, Roménia, Eslováquia, Ucrânia, entre outros, "com pesados custos económicos para os mesmos, e irreparáveis custos sociais para o País. Esses alunos, ao verem-se obrigados a emigrar, causam um desvio substancial de fundos monetários para o estrangeiro, que rondam, na maioria dos casos, propinas na ordem dos 10 mil euros/ ano. Neste sentido, a nossa proposta seria a criação de vagas suplementares no Ensino Superior, suportadas pelos alunos, os quais possuam ou não licenciatura em área adequada, sendo imprescindível o conhecimento adquirido no ensino secundário ou superior das noções básicas para a área em concurso, como acontece em países estrangeiros para os quais se verifica uma crescente necessidade de emigração para sustentar o sonho de realização pessoal e profissional" explicam os dois impulsionadores da iniciativa.
Segundo os mesmos, em Portugal "criam-se nichos e elites, que escondem a fuga de jovens que provocam e agravam o envelhecimento da população, a fuga de massa cinzenta e de uma população altamente qualificada, na qual foi feita um forte investimento do Estado Português na sua formação no ensino pré-primário, básico e secundário. Aliado a isto, urge insinuar que as faculdades, na grande maioria dos casos, não atingem a sua capacidade máxima, havendo assim um desperdício dos seus recursos. As vagas suplementares, ao serem totalmente suportadas pelos alunos não iriam causar encargos económicos adicionais às universidades portuguesas, nem afectariam de qualquer forma o tradicional concurso para o acesso ao Ensino Superior. Num cenário de crise económica e financeira que o País e as universidades atravessam, dariam um contributo importante na sua sustentabilidade" afirmam no seu movimento. Explicando também que o elevado valor das propinas "que muitos alunos se propõem a pagar no estrangeiro seria retido no nosso País em proveito das nossas instituições". "Numa altura em que tanto se fala na necessidade de criar políticas que ponham cobro ao flagelo da emigração, que garantam a fixação da população jovem, que garantam a fixação de uma geração altamente qualificada como resultado de um grande investimento do País na educação, pensamos ser fulcral que medidas como esta sejam postas em prática para salvaguardar o futuro do País, Portugal" afirmam.
"Temos vários amigos que emigraram"
Em declarações ao NC, Luís, que é estudante de Ciências Farmacêuticas na UBI, diz que ele e o irmão não hesitaram em expor esta ideia porque "o nosso movimento dá resposta a uma realidade marcante nos dias de hoje, em que muitos portugueses escolhem recorrer a cursos em países estrangeiros para suprir a sua necessidade de realização profissional e pessoal, com pesados custos económicos para os mesmos (há casos de portugueses a pagar valores anuais de propinas a rondar os 10 mil euros) e irreparáveis custos sociais para o País." "Uma vez que Portugal atravessa uma grave crise económico-financeira, que afecta o ensino superior público, pondo mesmo em causa a manutenção de centros de investigação por falta de liquidez das contas das faculdades portuguesas, porque não criar esse mesmo tipo de cursos pagos pelos alunos no Ensino Superior público, num regime extraordinário, ou seja, criando vagas suplementares às já existentes, não colocando por isso em causa os concursos e regimes normais de acesso, retendo o investimento desses alunos para proveito e investimento nas instituições portuguesas do ensino público universitário. De salientar que esta ideia não iria agravar, de forma alguma, o problema do desemprego em Portugal, pois a grande maioria dos estudantes que emigram para estes países, neste tipo de concursos especiais, voltam a Portugal para exercer." Os dois irmãos têm esperança que esta ideia chegue a Passos Coelho porque é uma ideia "inovadora, que traria benefícios para os estudantes, para as faculdades e Ensino Superior em geral." E esperam chamar a atenção "para esta realidade da necessidade massiva de emigração que é a saída para bastantes estudantes portugueses que não encontram oportunidades em Portugal, e no presente regime do Ensino Superior público." Luís diz mesmo ter conhecimento de "vários casos de amigos, outros simplesmente conhecidos, que emigraram para países do Centro e Leste Europeu, onde pagam propinas anuais entre cinco a 10 mil euros, dependendo do país de acolhimento."



Autor
João Alves

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
Ensino / Superior / País / Portugal / alunos / vagas / países / ideia / estudantes / estrangeiros

Entidades
Luís / João Máximo / Passos Coelho / NC / Ciências Farmacêuticas

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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