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Democracia feudal

2013-11-05

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Pobre democracia que vive de desabafos dos seus "Velhos do Restelo" e de ambições de "novatos".

Dietrich Schwanitz no seu livro, "Cultura- Tudo o que é preciso saber", retrata de forma bem eloquente a situação que actualmente se vive em muitas democracias que perderam o sentido do povo e se venderam aos interesses. Vale a pena recordar o princípio do feudalismo.
A este propósito, tendo presente os esquemas de funcionamento dos actuias partidos e seus "senhores",escreve: "O chefe do partido determina quem vai ocupar os cargos partidários superiores,os lugares cimeiros das listas eleitorais,os postos dos chefes regionais do partido e as chefias dos governos regionais:essses são duques.Dos seus cargos dependem,por seu lado,redes de cargos,cujos detentores,os condes,margraves, condes imperiais,landgraves,têm,por seu lado,cargos a atribuir.Quem tem maior probabilidade de alcançar um posto alto,tem o maior séquito.Este apoia-o porque espera obter em troca um rico saque em termos de cargos,isto é ,de feudos.Só aquele que,devido `a sua capacidade ,à sua audácia,ao bom nome junto do senhor feudal supremo ou por ser da família da respectiva mulher,tem as maiores perspectivas de poder distribuir muitos cargos,também tem o maior número de vassalos e subvassalos.A ele é que se guarda lealdade.Esta teia de relações constitui um circuito fechado.Quem tem feudos a conceder tem vassalos , e quem tem vassalos é o primeiro a ter acesso aos cargos.
No entanto,o mesmo circuito fechado também actua ao contrário,quando a fortuna trai o homem do topo.Se cometer demasiados erros..,o seu séquito também o abandona.É precisamente por isso que na Idade Média se apela tanto à fidelidade.A concorrência entre os legítimos e os hábeis é constante.Por tudo isto a Idade Média foi uma época de querelas partidárias.O programa do partido reduz-se invariavelmente ao homem do topo ao cabecilha de uma teia de influências".
Com este guião é fácil perceber os avanços e recuos de tanto político que afinal tem medo de ser "feudalizado" pela rede do actual distribuidor de saques.Conhecem bem as regras da sobrevivência e não arriscam pois podem ser apeados do feudo que possuem, para sempre. Se olharmos para episódios, bem recentes, dos partidos com acento parlementar, da direita à esquerda, percebemos bem porque é que a nossa democracia se feudalizou. Não há quem arrisque. Não há líderes. Há apenas gente que aprendeu o jogo do feudalismo e entre eles apenas repartem a malícia do poder e dos respectivos interesses.
O povo paga, manifesta-se e serve de arma de arremesso.E não se vislumbra saída para este beco democrático, cada vez mais insustentável. Pobre democracia que vive de desabafos dos seus "Velhos do Restelo" e de ambições de "novatos"., sem experiência de vida profissinal e sem capacidade para construirem um futuro para o País. Será que já não há estadistas em Portugal? Há um Rio no Norte e um Costa a Sul. Entendam-se que a história vos agradecerá.
Arrisquem..carago!



Autor
José Vicente Ferreira

Categoria
Opinião

Palavras-Chave
Cultura / Dietrich / Schwanitz / Democracia / partido / vassalos / cargos / Idade / Média / vive

Entidades
Dietrich Schwanitz / margraves / Arrisquem / Velhos do Restelo / Vale

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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