NEWSLETTER MEDIA
O Arquivo Web do Notícias da Covilhã. Explore o passado deste jornal centenário
O Arquivo Web do Notícias da Covilhã. Explore o passado deste jornal centenário O Arquivo Web do Notícias da Covilhã.
Explore o passado deste jornal centenário

Covilhanenses pelo mundo

2013-08-21

00:00    00:00

Há quem arrisque partir à aventura e emigrar para países como o Vietname.

Quando, em Junho, numa grande reportagem da Visão, sobre portugueses que trabalham nos sítios mais recônditos do planeta, José Dias (por muitos conhecido como Zé Salcedas) e Ana Pio surgiram nas fotos e no texto da revista, a mesma esgotou em muito pouco tempo no Teixoso, a sua terra. Todos queriam saber como se estava a dar este casal que apostou numa aventura sem data de retorno, emigrando para um sítio que é tudo menos usual.
"A opção de emigrar já estava a ser ponderada há algum tempo. A vontade de viajar da Ana era muita e estávamos a estudar essa possibilidade. O estado do País ditou a decisão final. Era o agora ou nunca. E nós optámos pelo agora" conta ao NC José Dias. Ana assegura que a escolha do país de acolhimento foi "momentânea". "Chegámos, vimos e gostámos. Decidimos ficar, pelo menos por algum tempo" assegura.
Ana, 31 anos, José, 45, arriscaram tudo. Venderam a pastelaria que tinham no Teixoso, onde Ana trabalhava, apesar de licenciada em turismo. E José largou o emprego, na Pousada da Juventude das Penhas da Saúde (é pasteleiro de profissão). Em Fevereiro, enfiaram-se num avião em Madrid rumo à Tailândia, com duas mochilas às costas. A ideia era conhecer o máximo que pudessem do Sudeste asiático e, se eventualmente encontrassem um sítio de que gostassem muito, deixarem-se ficar. Em Banguecoque bateram à porta da embaixada portuguesa com uma lista de perguntas, na ideia de começarem a fabricar e a vender pastéis de nata na cidade. Mas quem os recebeu despachou-os com a falta de tempo. À Tailândia seguiu-se o Camboja e o Vietname. Fixaram-se em Hoi An, vila património da humanidade desde 1999 e onde ainda há vestígios da presença portuguesa. Decidiram parar ali por uns tempos. Já arrendaram casa, abriram o negócio e parece que tudo corre sobre rodas, até ao momento. "Ambos tínhamos emprego. Eu, efectivo na Pousada da Juventude da Serra da Estrela. E a Ana era proprietária de um café/pastelaria no Teixoso. Contudo, as dificuldades do País, sem dúvida que pesaram na decisão. Se tínhamos que sair, agora era a altura certa" conta José
Mas, porquê a aposta num país asiático e não num mais comum, como a Suíça, França ou Alemanha, que há décadas albergam imensos emigrantes portugueses? "A Europa está toda na mesma linha. Para sairmos do nosso País, abdicarmos das nossas famílias, tinha de ser por algo que realmente valesse a pena, de uma forma ou de outra. E por toda a experiência, com certeza que já valeu a pena. Neste momento era impensável trocar Portugal por outro qualquer país na Europa" assegura Ana.

Pastéis de nata e escola de futebol são sucesso

Após dois meses de viagem, pela Tailândia, Camboja e Vietname, fixaram-se neste último país, numa comunidade pequena. Começaram por abrir uma loja de desporto. "O pessoal, aqui, gosta imenso de futebol. E isso para nós foi óptimo" conta Ana, que também teve a sua experiência pelo futsal feminino, ao serviço do Teixosense. Zé jogou em muitos sítios, ao longo de mais de 20 anos, como o Sporting da Covilhã, Belmonte, Cariense ou Teixosense, entre outros. Com a loja de desporto aberta, ao mesmo tempo, começaram a vender bebidas e bolos. "Aqui não há ASAE" graceja Ana, que contudo assegura haver a máxima exigência com os produtos que vendem. "As pessoas podem fazer muita coisa ao mesmo tempo. Como o Zé costuma dizer, num País com 90 milhões de habitantes as pessoas têm de sobreviver" afirma Ana.
Para já, começaram a fazer as delícias dos locais com os pastéis de nata. Mas há a ambição de criar uma pastelaria mais variada, pois "eles adoram os nossos doces" conta Ana. E até a clientela estrangeira, nomeadamente brasileira, já vai à lojinha destes dois teixosenses, após verem os cartazes dos pastéis de nata. "Estão a ganhar fama. Até o monge que conhecemos esta semana os quer provar" assegura a jovem, que revela outra vertente do alargado negócio: o aluguer de quartos na casa.
Mas Zé, um louco por futebol, também já meteu mãos à obra noutra vertente. No quintal da casa que alugaram criou um mini-campo de futebol e já começou a treinar algumas crianças vietnamitas. Já há mais de 20 crianças a treinarem."É uma maneira de nos aproximarmos socialmente, de nos darmos a conhecer e de criarmos outras oportunidades" afirma. A venda de camisolas de vários clubes faz também sucesso, porque de Portugal, a comunidade local conhece apenas "Cristiano Ronaldo, Figo, José Mourinho e o Sporting, pelo facto de ser a escola de onde saíram os melhores jogadores nacionais" explica Zé.
(Artigo completo na edição papel)



Autor
João Alves

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
Ana / País / José / tempo / Junho / Visão / Salcedas / Pio / Teixoso / assegura

Entidades
Zé Salcedas / Ana Pio / Ana / José / José Mas

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

partilhe!

veja também

Aventureiros do asfalto regressam hoje à Covilhã

João Esgalhado e Jorge Silva fizeram quase cinco mil quilómetros entre São Petersburgo e Covilhã...

Meter as mãos na massa após o desemprego

Casal desempregado da Carveste aposta em padaria tradicional na Borralheira...

VOLTAR À PÁGINA INICIAL