NEWSLETTER MEDIA
O Arquivo Web do Notícias da Covilhã. Explore o passado deste jornal centenário
O Arquivo Web do Notícias da Covilhã. Explore o passado deste jornal centenário O Arquivo Web do Notícias da Covilhã.
Explore o passado deste jornal centenário

Barreiras sociais dificultam o aleitamento materno

2013-10-18

00:00    00:00

Bebés deviam mamar em exclusivo até aos seis meses e continuar a fazê-lo pelo menos até aos dois anos.

A Organização Mundial de Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo até aos seis meses e que a criança continue a mamar pelo menos até aos dois anos. Carlos Rodrigues, pediatra no Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB), nota que essa é a melhor forma de prevenir infecções, a obesidade e sublinha não existirem fórmulas artificiais que substituam o leite da mãe, mas há barreiras, nomeadamente sociais e económicas, que impedem o cumprimento dessas recomendações.

"Amamentar não é uma obrigação, é um direito. Às vezes não estão reunidas as condições para as mães exercerem esse direito", sublinha Carlos Rodrigues, que no entanto acentua tratar-se de uma decisão pessoal, que deve ser respeitada.

Na maternidade da Covilhã, como os dados existentes indicam no resto do País, mais de 90 por cento das mães saem do hospital a amamentar. Mas o clínico não tem como saber quantas continuam a fazê-lo depois. Amélia Augusto, professora de Sociologia na Universidade da Beira Interior, diz que os estudos em Portugal apontam para uma quebra para metade aos três meses.

Segundo Carlos Rodrigues, quem opta por não amamentar fá-lo habitualmente por uma experiência anterior negativa, por receio da dor ou até por questões estéticas. Mas Amélia Augusto destaca as barreiras económicas e sociais como os principais factores. Para ilustrar essa realidade, acentua a redução da taxa de amamentação quando as mulheres regressam ao trabalho.

Legislação protege, mas conjuntura económica inibe
"Temos uma legislação que protege, mas estamos numa conjuntura económica em que as pessoas têm medo de perder o emprego e são capazes de abdicar dos seus direitos, de pô-los em causa para manterem os seus empregos", salienta a socióloga, dedicada ao estudo do fenómeno, para quem as mulheres deviam ter um sítio no local de trabalho para extraírem o leite e um frigorífico para o guardar, para além de poderem usufruir sem constrangimentos do horário para amamentar.

A académica destaca ainda as atitudes sociais negativas relativamente ao aleitamento em público, uma coisa natural, mas em torno da qual se contruíram significados sociais que originam censura. Em parte culpa, considera, da ausência dessas imagens nos meios de comunicação. "Quando ó tema é abordado, é como se fosse uma coisa que tenha de ser feita em recato", lamenta. Uma reprovação que se intensifica quanto mais velha for a criança.

Amélia Augusto defende que as mães que não amamentam não devem ser culpadas, antes respeitada a decisão. No entanto, considera importante perceber as razões por trás da decisão. "As decisões são pessoais, mas nem sempre são tomadas isoladamente, são tomadas num contexto social", vinca.

Covilhã tem linha de apoio telefónico
Depois da quebra nas décadas de 70 e 80, os índices de aleitamento materno têm vindo a aumentar na Europa, embora ainda estejam abaixo do recomendado.

Carlos Rodrigues, um dos promotores do seminário "O Aleitamento para Além do Leite", promovido pelo CHCB, Hospital Amigo das Crianças, no âmbito da Semana Mundial do Aleitamento Materno, alerta para as vantagens de as mães amamentarem. Sobre a opção pelas fórmulas artificiais, cada vez mais desenvolvidas e próximas do leite materno, comenta: "Nem sempre a solução mais fácil é a melhor solução".

Ricardo Rodrigues, professor de Marketing, outro dos oradores, faz referência à hipersexualização dos seios, que contribui para a imagem negativa da amamentação em público, menos presente nos jovens, e defende a aposta no marketing social para normalizar esse gesto e alterar comportamentos.

No CHCB, ajudar as mães com dúvidas após a alta, existe há três anos a linha telefónica de apoio Diz Que Mama, a funcionar diariamente das 8h às 20h.



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Secções Actualidade

Palavras-Chave
Rodrigues / aleitamento / exclusivo / mamar / Bebés / Organização / Saúde / Carlos / sociais / mães

Entidades
Carlos Rodrigues / Amélia Augusto / Sociologia / CHCB / Ricardo Rodrigues

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

partilhe!

veja também

Cortes na saúde “não afectarão” qualidade do hospital

A qualidade do serviço prestado pelo Hospital Pêro da Covilhã não será afectada pelos cortes que o G...

Vítimas de violência doméstica têm apoio na Covilhã

O tema está a deixar de ser tabu e cada vez mais as vítimas perdem a vergonha de denunciar os casos ...

VOLTAR À PÁGINA INICIAL