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O mundo dos tecidos na Covilhã

2013-01-09

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Tradição e diversidade são características da Pinto Oliva, loja que há mais de 60 anos está aberta na cidade.

É o local na Covilhã, e provavelmente na região, onde a escolha é mais variada e onde é mais provável encontrar o tecido que se procura. Aberta há mais de seis décadas, a Pinto Oliva já soube o que é não conseguir ter mãos a medir para tanta encomenda, aprendeu a conviver com as confecções, quando o pronto-a-vestir floresceu, direccionou a venda a retalho para o atendimento ao balcão, adaptou-se e, numa altura em que os alfaiates e modistas escasseiam, continua de portas abertas, porque neste ramo, tal como a moda a que está ligado, "tudo é cíclico".

Metodicamente arrumadas nas cinco prateleiras que vão do chão reluzente ao tecto, e que ladeiam o corredor até à entrada para uma outra divisória, há centenas de peças de tecido enfestadas, que é como quem diz dobradas ao meio em todo o seu comprimento. Os mais grossos em baixo, os mais frescos no topo, para na mudança da estação inverterem a ordem, de forma a estarem à mão da necessidade dos clientes. Há as peças mais discretas e as que completam toda a paleta do arco-íris. Os tecidos de padrão mais atrevido e as dispendiosas rendas francesas. Todos com a etiqueta amarela alinhada, como se as três pessoas da loja usassem o tradicional metro de madeira, que repousa em cima do balcão, para as porem na ordem.

Estudantes de Moda são "lufada de ar fresco"

A loja Pinto Oliva, na Rua dos Combatentes da Grande Guerra, respira tradição, remete para um passado de uma cidade onde os lanifícios firmavam a vitalidade da Covilhã e para um tempo em que toda a roupa era feita à medida. Mas é também lugar com toques de modernidade, assegura a sócia-gerente, Maria Adelaide Delgado, que acentua a preocupação de actualização constante e de atenção às tendências da época, que isto da moda é uma questão de modas.

Reflexo dessa fusão é a clientela. Céu Morais, 60 anos, já leva 40 ao balcão do peculiar estabelecimento, onde atende rostos que são os mesmos de quando se iniciou nestas andanças. Por outro lado, também lida constantemente com gente nova que gosta de marcar pela diferença, idealizando as suas próprias roupas, e com estudantes de Moda da UBI, clientes sem muito dinheiro para gastar, mas curiosos sobre tecidos, gosto em aprender e abertos às sugestões de quem tem experiência.

Maria Adelaide Delgado gosta de os ver na loja. "Não são sinónimo de lucro, só que são uma lufada de ar fresco", ainda que não disponham, em muitos casos, de conhecimentos técnicos que lhes permitam executar as suas criações.

Muito gordos ou muito magros são os melhores clientes

Os melhores clientes acabam por ser as pessoas que não se enquadram nas medidas de referência. Por terem peso a menos ou a mais e dificuldade em encontrar nas lojas roupa que lhes sirva. A alternativa é mandarem fazer e, para Céu Morais, isso traduz-se numa vantagem. "Mandando fazer, fica ao nosso gosto e tudo se resolve. Para além disso, fica-se com uma peça única", enfatiza, enquanto escova ao de leve uma fazenda.

Pela porta da Pinto Oliva não entram apenas covilhanenses, também gente de concelhos vizinhos e mesmo de Lisboa ou outras paragens distantes, à procura de tecidos específicos, como é o caso dos regionais surrobeco, burel ou saragoço. São procurados por ranchos folclóricos, para reposteiros ou decoração rústica. Ultimamente, também bastante para artesanato.
(Reportagem completa na edição papel)



Autor
Ana Ribeiro Rodrigues

Categoria
Secções Centrais

Palavras-Chave
Pinto / Oliva / moda / Covilhã / tecidos / aberta / loja / clientes / balcão / tecido

Entidades
Pinto Oliva / Maria Adelaide Delgado / Céu Morais / Estudantes de Moda / Pinto Oliva

Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
→ Ver Original

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