Quando o merceeiro se tornou presidente da câmara

2013-09-25

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Em 1978, o executivo camarário caiu, em Belmonte. Foi um merceeiro que tomou conta dos destinos do concelho.

"Olhe, eu era o suplente dos suplentes. Era para aí o sétimo da lista. Começaram a vir por aí abaixo e quando dei conta tinha aquela brincadeira nas mãos". É assim, com um sorriso nos lábios, em jeito descontraído e com evidente boa disposição, que o senhor Fausto, como é conhecido em Belmonte Fausto da Silva Marques, nos fala da sua experiência autárquica de sete meses na Câmara, entre 1978 e 1979.
Este reconhecido e acarinhado comerciante de Belmonte, que mantém há décadas o seu negócio no centro histórico da vila, onde é famoso pela fruta e legumes frescos que vende, não é natural de Belmonte, apesar de a ver como a sua terra. Nasceu em Vila Nova de Poiares, há 64 anos, e com apenas cinco veio com a sua família para a Terra de Cabral. O seu pai, Amândio, era, como se chamavam então estes comerciantes, um "pitrolino". Que andava de terra em terra, normalmente, com uma carroça, a vender petróleo, álcool, lixívia, azeite, sabão, para além de outros produtos. Vendedores que normalmente usavam uma corneta para avisarem que estavam ali à porta da clientela. Seguiu as pisadas do pai, dedicando-se, primeiramente, à venda porta a porta, e depois estabelecendo-se com uma pequena mercearia na vila. Tal como a sua irmã, Aldina, também ela comerciante. Foi nessa altura, em que percorria o meio rural a vender todo o tipo de produtos que, de repente, Fausto se tornou o "senhor presidente da Câmara". "Está lá a minha fotografia" graceja, aludindo à galeria de presidentes inaugurada nos Paços do Concelho, há poucos anos atrás.

(Toda a história na edição impressa desta semana)