Apesar de ter regressado a Lisboa no fim da sua carreira académica, não esqueceu a cidade neve.
Foi preciso passar mais de um lustre para que a maioria da obra do Professor António Lopes regressasse finalmente à cidade que tanto amou e divulgou, a Covilhã.
Decorria o início da década de 90 do século XX quando iniciei esta saga de entrar em contato com a família do dito professor com o intuito de saber da sua obra nas mais diversas vertentes. E foi na pessoa do seu filho, Sebastião Lopes, que acabei por encontrar um amigo, receptivo à ideia.
Não foi tarefa fácil, tal projeto só faria sentido de tivesse o envolvimento da autarquia. Na ocasião, quando de tomou posse da Casa Maria José Alçada, a ideia era colocar ali o espólio para além de outras obras que haveriam de se angariar.
Há 10 anos aconteceu finalmente o 1º grande ato público através de uma grande exposição levada a pelo município evocativa da obra do autor dando a conhecer as grandes paixões do artista, a nave, a serra da Estrela, a cidade, a região e o turismo.
António Lopes foi um percursor visionário no sentido amplo da palavra e delineou ideias e projetos, mais concretamente na área do turismo, cuja dimensão se perceberá quando se visitar a exposição alusiva ao artista.
Não perdendo de vista o regresso da obra do autor, foi sugerido ao atual município que se reencetasse este processo de trazer finalmente a obra ao que a família acedeu apenas com a condição da mesma de que o todo o espólio fosse colocada num espaço digno.
Depois dum diálogo com a autarquia foi determinado que esse espaço seria a Casa dos Magistrados. E assim foi. O seu filho, Sebastião Lopes, levou a causa a preceito e apenas terei que elogiar esta tenacidade deste cidadão covilhanense de 88 anos, que tudo fez para que a mesma fosse apresentada no referido espaço de cultura, com a dignidade que se exige.
No dia 19 de outubro a galeria Professor António Lopes vai ser inaugurada na presunção de que a mesma não se torne num mero espaço de exibição, mas antes num local de cultura e didática. No mesmo espaço está exposta uma tapeçaria da sua autoria que narra muito da história Covilhã que se pretende seja dada a conhecer ao público em geral e ao universo educativo em particular.
O seu filho, Sebastião Lopes vai ser distinguido com medalha no dia da Cidade numa dupla homenagem que a título póstumo recorda o professor que ao longo de quase 40 anos marcou gerações que passaram pela Escola Campos Melo, onde foi professor.
Para o Sebastião Lopes, deixo a minha distinção, a da mais nobre amizade, procurando traduzir a mensagem que através da mostra ele pretende evidenciar e passo a enunciar: "Com a doação da obra de meu pai, pretendo evidenciar a obra de uma vida dedicada à Covilhã, de inteira dedicação e ideais, valores patenteados na exposição que se inaugura".
António Lopes nasceu em Lisboa em 1900. Mas foi na Covilhã que viveu o melhor da sua vida onde casou lhe nasceram os seus filhos e levou a cabo inúmeros projetos. Apesar de ter regressado a Lisboa no fim da sua carreira académica, não esqueceu a cidade neve. O seu legado está aí. O gesto de seu filho Sebastião Lopes, deveria ser um exemplo a seguir por muitos outros a quem lanço o desafio.
Autor
Pinto Pires
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
Lopes / Professor / António / Sebastião / cidade / Covilhã / espaço / filho / Lisboa / finalmente
Entidades
Professor António Lopes / Sebastião Lopes / Casa Maria José Alçada / António Lopes / Casa dos Magistrados
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