Este outubro foi um mar de acontecimentos e celebrações.
Outubro sempre foi um mês repleto de significados cá para as nossas bandas. Se antes o povo dizia que outubro suão, negócios de verão; outubro revolver, novembro semear, dezembro nascer, nós agora alinhamos noutras realidades que se vão traduzindo mais por imagens televisivas, focadas de todos os ângulos, envoltas em discursos noutro tom de linguagem e sem mãos calejadas pelo enxadão, sachola ou pela roçadoura. Então este outubro foi um mar de acontecimentos e celebrações desde o meter do papelinho na urna até ao passeio da Virgem pelos contrafortes da Estrela e da Gardunha.
A peregrinação da Senhora de Fátima fez do Pelourinho um santuário onde o sorriso das velas e o cheiro da cera se misturaram com cânticos em ambiente de fervor e devoção, os quais se estenderam até à Santíssima Trindade onde algumas lágrimas se soltaram de olhos mais sensíveis e emotivos.
As cherovias expostas em barraquinhas enfeitaram as ruelas estreitas da Covilhã antiga, onde tecelões e tecedeiras gastaram solas dos sapatos, mas a chuva dessa noite e dia não se conteve e deu cabo daquilo que algumas dores de cabeça provocou para engendrar e por de pé. Que a cherovia precisa de água sempre se ouviu dizer, mas deve ser mais na raiz do que na frigideira. Muito do trabalho feito se quedou com a chuva e com o vento, mas o nome da cherovia está a ficar bem registado para não destoar do pastel de molho e, agora, das natas de cereja.
Este outubro nos trouxe também, ao olhar e à mente, figuras que nos merecem respeito e admiração e tantas vezes vemos perdidas no horizonte do dia a dia. Louvores e condecorações são e foram sinais de reconhecimento bem condizentes com aniversários que não queremos perder de modo algum e se completam de modo particular com exposições museológicas, recortes marcantes da história local e muito para além dela. Foram momentos altos os que trouxeram personalidades de relevo ao nosso convívio num outubro que deu alma ao movimento associativo e teatral.
Mas outubro não se quis ficar só por aqui e as ruas da cidade, que continua a querer tecer o futuro, encheram-se de gente jovem que numa animada latada se desfez em animação gestual e vocal. A Universidade da Beira Interior não poderia ficar a olhar o outubro de mais um ano. Ela não é apenas um ramo da árvore covilhanense. Ela é um tronco viçoso que não para de crescer com flores e frutos em constante desabrochar, numa vitalidade que vai engrandecendo o futuro, fazendo do saber mais saber e da gente mais gente.
Com outubros assim vale a pena entrarmos pelo outono dentro porque até as castanhas já saltaricam na fornalha despertando os olhares e os paladares.
Autor
Sérgio Saraiva
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
Outubro / mar / acontecimentos / celebrações / bandas / ficar / gente / valha / repleto / significados
Entidades
suão / Virgem / Senhora de Fátima / Estrela / Gardunha
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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