Continuar a partilhar as tradições que nos foram doadas e referenciadas em suas datas oportunas, é uma valência que não poderemos perder….
Lá se foi o Entrudo misturado de água e ventos que perturbaram alguns dos programados desfiles, a ponto de uns tantos terem sido mesmo abandonados depois de longos dias e horas de trabalho, resultantes de largos momentos de imaginação e troca de opiniões nem sempre fáceis de desabar em salutar acordo.
O Carnaval do Mundo com que este ano fomos brindados na nossa Cidade Neve, foi um exemplo vivo e interessante das iniciativas carnavalescas postas à baila e onde os chuviscos se esconderam e deram oportunidade para uma exibição de vestuários bem cuidados e coloridos, para a demonstração de esbeltas máscaras, bem retocadas, que escondiam por completo a fisionomia dos participantes e um calçado condizente com os momentos de folia. Assim, o percurso escolhido esteve bem composto de assistentes que não se cansaram de bater palmas, misturadas com bocas de incentivos amistosos e animadores.
O fim de semana carnavalesco já lá vai, mas já se vai sentindo a programação das celebrações quaresmais que deverão ser também reflexo das vivências tradicionais que vão parecendo estar perdidas mas que, em muitos aspetos, continuam a mexer na alma de muito boa gente que quer dar mostras e transmitir o que lhe foi dado em tempos que já lá vão, mas que não devem se totalmente esquecidos. Há, pois, valores que ainda perduram e é bom que sejam entregues aos vindouros porque a riqueza que nos une não pode ser apenas de natureza económica ou financeira.
A enxada de outros tempos, que fazia inchar os braços e as mãos, foi-se transformando em tablets, muito mais leves, mas que fazem inchar também os olhos e muito do emaranhado de cada mente. Portanto, o passado e o presente têm que se ir ajustando a cada realidade e vão transformando os percursos das nossas vidas, muitas vezes quase sem querermos, sequer, dar por isso. É preciso, pois, que cada um continue a ser parte integrante do todo social onde estamos incorporados e que nesse todo demonstre a riqueza tradicional que nos construiu com seus defeitos e virtudes.
Continuar a partilhar as tradições que nos foram doadas e referenciadas em suas datas oportunas, é uma valência que não poderemos perder porque são formas de nos colocarmos em grupo onde tem que prevalecer o real intercâmbio e o sentido comum que nos deve orientar e preparar para o hoje e amanhã. Portanto, não perder de vista as tradições é uma forma salutar de aproximação que deve ser cultivada e preservada.
Vamos agora aos momentos quaresmais que já estão no horizonte porque lá mais para a frente o S. João e S. Pedro também querem ver-nos saltar na rua ao som de dicas harmoniosas.
Deixemos, então, as violências selvagens que nos vão amedrontando, se não entrarem de greve, e vamos manter as tradições com a sua dignidade e espírito de alegria e união.
Autor
Sérgio Saraiva
Categoria
Opinião
Palavras-Chave
Tradições / Entrudo / perder / desfiles / resultantes / acordo / misturado / água / ventos / perturbaram
Entidades
S. João / S. Pedro / Carnaval do Mundo / Cidade Neve
Artigo Preservado pelo Arquivo.pt
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