Ideia é defendida pelos autarcas da zona.

É preciso pensar o que se quer da Serra. E não apenas discutir a questão das acessibilidades. Terá sido esta a única ideia convergente, na passada sexta-feira, no auditório da Torre, em plena Serra da Estrela, onde a Assembleia da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE) promoveu um debate para abordar a temática dos acessos em dias de neve. O objectivo foi procurar dar respostas para a questão dos acessos ao maciço central da Serra da Estrela, que costumam ficar intransitáveis com a queda de neve e originam "consequências para a imagem e economia da região".

Certo é que muito se disse, muitas ideias se apresentaram, mas a sua concretização está longe de ser uma realidade. E a "união" entre os vários actores regionais não passa de uma "miragem", pois nem todos têm a mesma opinião sobre este assunto.

Paulo Fernandes, presidente da CIM, defende a criação de um plano de acessibilidades a ser pensado numa década, que possa, de alguma forma, diminuir a circulação automóvel. "Hoje, dois terços da acessibilidade aqui feita é em veículo próprio. Temos que alterar esta relação das pessoas com a Serra, mas não se pense que criando alternativas isso muda. É preciso também apostar na sensibilização" frisa o também autarca fundanense, que quer também sensibilizar os empresários hoteleiros a criarem formas de trazer gente à Serra com o menor número de viaturas possível.

Para o presidente da Câmara de Seia, Filipe Camelo, as preocupações já têm décadas, mas diz que a Serra é um espaço turístico "todo o ano", pelo que não se pode pensar apenas nas acessibilidades quando existe neve. "Esse problema existe. E muitas vezes, independentemente da vontade, os ventos, a neve, o gelo, tornam a vinda cá impossível". De todo o modo, acredita, se não houver "convergência", entre autarcas, empresários e entidades que têm peso na Serra, dificilmente se encontrarão soluções. A aplicação de telecabines "é uma alternativa", defende, mas há também que apostar na mentalização dos turistas, de que "vir à Serra não é vir à Torre. E ainda por cima em viatura própria". "Os meios mecânicos são solução, mas é preciso vontade de todos" alerta.

Também o autarca covilhanense, Vítor Pereira, defende esta como a melhor solução. Recorde-se que defende um projecto da Turistrela que contempla a construção de três telecabines, a partir de Seia, Manteigas e Covilhã. Mas, diz, para que tal aconteça, terá que haver "um equilíbrio" entre os vários interesses ali existentes, desde económicos a naturais. "O grande desafio é encontrar o ponto de equilíbrio entre proteger a natureza e contribuir para a criação das infra-estruturas necessárias. Não aproveitamos a Serra na sua plenitude e ainda a tratamos mal, com milhares de automóveis que sobem cá, poluem, e a aplicação de salgema, que contamina os solos. A Serra é um atractivo único que está subaproveitado, mas quando neva, às vezes, pouco ou nada se pode fazer. As telecabines serão a melhor solução, mas é preciso equilíbrios, sem fundamentalismos e radicalismos" frisa.

Também José Manuel Biscaia, autarca de Manteigas, diz que a Serra "é uma galinha de ovos de ouro que estamos a depenar". E que, se se quer turismo com neve, "a solução estradas não serve". O autarca também vinca que a quantidade de salgema utilizada no Inverno para a derreter "está a contaminar os solos" e que a única solução tem que ser "abaixo" da Serra. "E arranje-se uma solução para cá chegar acima. Não vejo outra alternativa a não serem os meios mecânicos".

Autor
João Alves

Categoria
Local › Região

Palavras-Chave
Serra / solução / Estrela / neve / autarca / preciso / defende / Telecabines / Ideia / acessibilidades

Entidades
Serra / Certo / Paulo Fernandes / Filipe Camelo / telecabines

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